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O sargento Roger Dias, de 29 anos, foi baleado na cabeça por um criminoso que deixou a prisão beneficiado pela “saidinha” de Natal.
O sargento Roger Dias, de 29 anos, foi baleado na cabeça por um criminoso que deixou a prisão beneficiado pela “saidinha” de Natal.| Foto: Divulgação/Polícia Militar

É lamentável o fato de que no Brasil algumas pautas importantes avançam, ou pelo menos ameaçam avançar, somente após uma tragédia. Nesta semana, mais um policial mineiro perdeu a sua vida de forma cruel. Além da covardia do bandido, que desferiu 3 tiros no sargento da PM-MG Roger Dias da Cunha, sendo dois deles na cabeça, fica em evidência a ineficácia do Estado em promover segurança para a população e para os agentes da segurança pública.

Com 29 anos de idade e 10 de profissão, Roger era um militar exemplar e bastante elogiado pelos colegas. Certamente não imaginou que aquele seria o seu último dia zelando pela segurança dos mineiros. O criminoso também tinha um currículo extenso, mas execrável, longe de ser inspirador. Em apenas 25 anos, ele acumulou diversas passagens pela polícia, sendo cinco por assalto, duas por furto, uma por tráfico de drogas e outra por receptação. Ele estava em uma saída temporária de final de ano e deveria ter voltado para o sistema prisional no dia 4 de janeiro. Isso não aconteceu, e a consequência foi a morte de mais um inocente no país da impunidade.

A verdade nua e crua é que os bandidos têm cada vez mais regalias enquanto os brasileiros de bem seguem privados da liberdade. Quer mais uma prova? Posteriormente, foi divulgado que o comparsa do autor dos disparos que ceifaram a vida do militar já possui 15 registros policiais, sendo dois deles pelo crime de homicídio. Além disso, em setembro deste ano ele foi beneficiado com um alvará de soltura concedido pela Justiça. Como achar normal ambos estarem convivendo com a sociedade?

A deplorável realidade é que não temos um encarceramento em massa, mas sim uma impunidade em massa

Em Minas, dos mais de 4.000 detentos que receberam o direito de deixar temporariamente a unidade prisional durante as festas de fim de ano, 118 não retornaram após o fim do prazo estipulado. Um belo presente de natal para os mineiros. Se um desses voltar a cometer algum crime, considerando que a situação envolvendo o sargento Roger não foi isolada, alguns ainda terão a audácia de tentar justificar com o argumento de que é “fruto da desigualdade social”.

Enquanto um projeto de lei que torna o pau de arara em romarias como manifestação cultural foi aprovado recentemente pelo Senado, a proposta que acaba com a saída temporária dos presos continua parada, e só foi lembrada após mais uma fatalidade e muita pressão. Só assim para as prioridades realmente se transformarem em prioridades. Pelo menos assim espero. Na Câmara dos Deputados não é muito diferente. Sem surpresas, apenas o PT, PSOL, PCdoB e PSB votaram contra o texto que dá o benefício da “saidinha” aos detentos.

A bandidolatria também encontra espaço na grande mídia, que não se contentou em classificar alguém como “criminoso” ou “suspeito”, considerando apenas qual termo se adéqua melhor a cada contexto. Já fizeram abertamente a defesa da ressocialização temporária de presos como forma de reduzir a criminalidade. Tal redução só deve acontecer no mundo imaginário de quem acredita que soltar pombinhas brancas ao som de “Imagine” contribui para a pacificação do país.

A deplorável realidade é que não temos um encarceramento em massa, mas sim uma impunidade em massa. Os policiais, de modo geral, têm cada vez mais medo de exercer a própria profissão, enquanto a criminalidade vai ganhando mais coragem: ainda mais durante um governo petista que cortou R$ 708 milhões de verba para a segurança pública em 2024.

Roger Dias da Cunha deixa uma esposa, uma filha de apenas 5 meses e vários colegas. Ao contrário dos que adoram defender marginais, o PM não estará em casa hoje. A tal pena de morte, que dizem não existir no Brasil, enfim chegou para ele, bem como para vários outros inocentes. Sei que agora nada mudará o que aconteceu e que a dor é irreparável; mas, como alguém que acredita no Espírito Santo, que consola até o coração mais quebrado, dedico as minhas orações aos amigos e familiares do Roger. Foi uma honra saber que alguém como ele acompanhava o meu trabalho nas redes sociais e o mínimo que posso fazer é continuar usando a minha voz e representatividade para continuar defendendo o certo. Aqui se aplica o versículo em que Paulo, já no final da sua jornada, deixa explícito qual foi a sua missão: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé.” 2 Timóteo 4:7. Que isso seja para nós um combustível a mais para batalhar pelo que é certo e cumprir os propósitos pelos quais fomos chamados.

Conteúdo editado por:Bruna Frascolla Bloise
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