O consumo consciente e a sustentabilidade na moda. São assuntos de grande destaque, ligados diretamente à consciência ambiental. Para os brechós, a questão faz parte da própria atividade comercial: as lojas são uma espécie de recicladoras de mercadorias usadas, que ao invés de serem descartadas viram uma opção para consumidores conscientes que não tem preconceitos em relação a itens de segunda mão.

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De acordo com o Sebrae nacional, nos brechós o consumidor economiza até 80% em relação aos produtos novos. Nos últimos cinco anos, o comércio varejista de usados cresceu 210% no Brasil. Em Curitiba, encontramos muitas ruas dedicadas a lojas que comercializam esses produtos, sejam eles itens de decoração, roupas, calçados ou artigos infantis. Na Rua Carlos Cavalcanti, 450 (loja 6), está localizado o brechó Balaio De Gato. A loja apresenta um ambiente descontraído, inova na apresentação da vitrine com looks bem representativos do que clientes encontraram no interior da loja, tem itens de marcas locais (e peças em consignação), objetos de decoração e até alguns brinquedos. Essa semana, conversei com Lia Perini, a proprietária do Brechó, sobre esse segmento.

Sua loja possui grande variedade de itens, não só roupas e calçados. Oferece também artigos de decoração, atendendo um diversificado público. Como e quando iniciou com o comércio de roupas usadas?

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Frequento brechós há mais de 20 anos porque gosto de garimpar, fuçar e achar peças únicas, de boa qualidade e mais baratas que no shopping, mas queria muito um brechó mais organizado e limpo que os que existiam por aí. Uni o fato de eu ser bióloga de formação, com uma consciência ecológica mais aguçada, ao surgimento de uma oportunidade despretensiosa de negócio. Com a ajuda de amigos o Balaio de Gato nasceu. Mas não nasceu assim, do jeito que está hoje, as coisas foram acontecendo. Fomos acrescentando na vida do Balaio nossos parceiros queridos que vem e vão com seus trabalhos autorais e cheios de novidades.

Recentemente, você trouxe alguns itens de uma viagem à Europa. As novidades são inspiradoras para muitos clientes que estão a procura de peças diferenciadas com preços super atrativos. A renovação dos estoques precisa ser constante e uma ótima estratégia é ter bons fornecedores. Quais são as suas estratégias para ter um estoque sempre em dia para despertar a vontade de compra do cliente?

A estratégia mais importante, e isso acontece naturalmente aqui na loja, é a atenção que eu e o Ju Araújo, meu parceiro aqui,  prestamos no cliente. Assim ficamos sabendo do que ele gosta e o que quer consumir. A partir daí, vou a procura das peças, procuro bazares, ando pela cidade, viajo, observo. Outro caminho são os próprios clientes que querem “desapegar” de peças em ótimo estado que não usam mais. Um fala pro outro que fala pro outro e assim temos uma rede de pessoas que sem saber fazem parte do consumo consciente que tanto precisamos para um planeta mais sustentável.

Algumas pessoas ainda veem brechós como sinônimo de “coisa velha”,  peças desgastadas, fora de tendência. Citei anteriormente, em outro post algumas dicas de compra em brechós, pontos importantes para analisar as peças ou itens na hora da escolha de levar para casa. Como comerciante, como conserva suas peças e itens a venda.

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Acho que os  brechós já melhoraram muito em relação a manutenção e conservação das peças, o que eu acho sensacional. Aqui no Balaio, começamos os cuidados já na hora da compra. Não compramos nada rasgado, furado, muito desgastado. A não ser que seja uma peça imperdível dos anos 50, 60 por exemplo.  Aí vale a pena recuperá-la. Mas, no geral, lavamos todas as peças, ou na lavanderia ou na minha casa mesmo.  As peças são tratadas com o maior carinho antes de irem parar nas araras.

Sua loja é muito bem planejada, apresenta um clima nostálgico quando passamos por determinadas araras, ou vemos alguns itens de decoração. É descontraída, cheia de informações e muito bem vista por clientes ou frequentadores. O que você acha que torna uma marca mais representativa para seu público alvo?

Como eu disse antes, acho que uma marca vem pra ficar quando trata seus clientes com respeito. As pessoas não precisam apenas de roupas e objetos pra serem felizes, elas precisam de atenção. Quando um cliente entra aqui na loja acaba tendo uma experiência de compra, não simplesmente um ato mecânico de compra e venda, afinal, não vendemos roupas usadas, vendemos estilo de vida. Tudo é organizado para as pessoas que entrarem aqui, se sentirem bem. São tratadas com amor, e isso é possível sim. E o resultado é que a gente acaba fidelizando o cliente que acaba trazendo outro ou nos indicando. Olha a corrente se formando de novo!

Lembrando que nos brechós podemos encontrar produtos mais baratos, acessíveis e únicos. Existem dezenas de maneiras de economizar dinheiro durante uma visita a estes estabelecimentos, basta colocar um pouco de esforço, estilo e auto expressão. O consumo em brechós além de responsável se tornou um dos pilares da sustentabilidade. Em seu slogan vemos a mensagem “Mais que peças, sustentabilidade”. Quais motivos você acredita serem os maiores incentivadores de compras em sua loja?

Temos um público bem eclético, portanto os motivos são muitos. Alguns procuram realmente peças baratas, outros querem peças únicas independente do valor dela, outros, mais conscientes ecologicamente, já pensam na sustentabilidade do planeta e na reutilização das peças.

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Mas ultimamente vejo muitas pessoas que compravam somente em shoppings ou lojas de roupas, migrando para os brechós. O nosso público está mudando e isso reflete a fase econômica que estamos passando, por outro lado essa mudança de comportamento pode nos salvar de um colapso ambiental. Precisamos abrir os olhos para o que está acontecendo à nossa volta, quebrar paradigmas e mudar hábitos ultrapassados de consumo, seu bolso e o planeta vão agradecer.

Por Elidiane Witkoski