Carven Resort 2018 (Fotos: Jack Davison / Styling: Elodie David Touboul)| Foto:

Do meu primeiro mês como estudante de moda até hoje, ouço o velho questionamento sobre certas peças e composições de desfiles e revistas: “Como eu vou usar isso”? Com o passar desses (dez!) anos, muita coisa mudou na forma de informar e apresentar moda e, consequentemente, na maneira como as pessoas recebem essas informações.

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Há quem prefira buscar ideias sobre o que e como vestir em fontes que trazem imagens mais palpáveis. Porém, campanhas de moda e editoriais com styling ousado e que foge do que vemos com facilidade nas ruas, são fontes de inspiração que valem a pena serem “lidas”. Essas imagens costumam resumir tendências (para agora e para o futuro) e conceitos capazes de aguçar a criatividade, e por não parecerem usáveis  à primeira vista exigem um olhar mais atento. É dessa observação que captamos ideias de moda que vão além do óbvio.

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Pare para reparar naquela campanha nonsense que parece ter sido feira para habitantes de outro planeta. Olhe os detalhes, as combinações de texturas e cores, a luz, o enquadramento, a relação entre os personagens e cenário… Visuais com misturas exageradas de estilo não estão lá para serem copiados de maneira literal, e modelos sem sutiã não propõe que saia assim de casa. Interprete o tailleur clássico com gola alta usado com rasteira de corda bordada com elementos rústicos como uma possibilidade de combinar acessórios artesanais com blazer; e aquela sobreposição com quatro ou cinco peças de alturas diferentes como um incentivo para experimentar um comprimento novo. Na prática, ao encontrar uma “esquisitice fashion” que lhe chama a atenção por algum motivo, pergunte-se “Como eu posso usar isso?” com a mente aberta para interpretar e traduzir a sua maneira.

Revistas e campanhas atuais não estão apostando em “esquisitices” por acaso: elas assumem o papel de conduzir o olhar para a mensagem, e não para as peças em si. Dessa forma, é possível encontrar no que já temos uma maneira criativa de expressar, através da roupa, o discurso com o qual nos identificamos. O resultado são looks com mais personalidade, construídos a partir de uma ideia e não de uma peça em si. Construção essa que vai ao encontro de uma maneira mais consciente de consumir sem deixar a moda de lado.