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Porção de mini molho servida com emulsão de pimenta chipotle – uma das atrações do cardápio de jantar do Chez Margot.

Anacreon de Téos

Panela do Anacreon

Chez Margot, um passeio sensorial por cores, texturas e sabores

21/04/2022 13:30
Lembro-me bem quando me convidaram pela primeira vez. Agora o Cake Lab é um bistrô, chama-se Chez Margot – foi o que me disseram.
Foi ainda no ano passado e me falaram do cardápio, ainda curto e limitado. Achei que ainda faltava muito para um bistrô, continha apenas alguns itens básicos que talvez nem justificassem o nome.
Mas vai incrementar o
cardápio, ainda vai ter mais – meu interlocutor fez questão de esclarecer.
Decidi esperar, então. Pelo
que entendo ser um bistrô e que, pelo que compreendi, logo o Chez Margot seria.
E a espera valeu em todos os dias e minutos.
Dias atrás estive lá e fiquei encantado com tudo. Aquilo, sim, é um bistrô, daqueles de nos transportar para alguma porta qualquer de alguma rua estreita de Lyon ou Paris.
Bom gosto na decoração (feita – costurada –  pelos próprios proprietários em todos os detalhes), nas luzes, nas cores, em tudo.

Um ar mais... pessoal!

Bárbara Nessler, a proprietária, e Paulo Andrietti, o chef do Chez Margot Bistrot.
Bárbara Nessler, a proprietária, e Paulo Andrietti, o chef do Chez Margot Bistrot.
Ali é tudo diferente e personal, a começar pela entrada. O Chez Margot está situado no segundo andar de um imóvel que tem, no piso inferior, a Maria Flor, floricultura e loja de decoração.
Mas, à medida que a gente vai subindo a escada, já começa a sentir toda a energia irradiada. De pronto, um balcão com bolos e doces, afinal de contas era essa a consistência da origem, do Cake Lab, que ainda está presente, de alguma maneira.
Na passagem para o salão, um
empório, com atraentes e tentadores produtos para os apreciadores da boa
gastronomia. E os espaços para servir, com mesas fora e também no salão interno.
Tudo lindo, afetuoso, como se tivesse sido preparado com a leveza do toque de uma bailarina em palco. E, no fundo do fundo, foi mesmo.
A proprietária da casa, a joinvillense Bárbara Nessler, foi bailarina formada pela Escola Bolshói e aí também se descobre a razão do nome escolhido para o bistrô. Tinha na bailarina inglesa Margot Fonteyn – considerada uma das melhores de todos os tempos - sua grande fonte de inspiração e até hoje seus gestos e sua postura remetem à idolatria que construiu.
O aconchego do salão do Chez Margot. Como se fosse um grande camarim para a bailarina famosa.
O aconchego do salão do Chez Margot. Como se fosse um grande camarim para a bailarina famosa.
E aí, pensando bem, aqueles
panos na parede e no teto do salão associam a um possível camarim, por onde
Margot Fonteyn teria andado, na preparação de brilhar em mais um palco da vida.
Chez Margot é isso, camarim e
palco de cores e texturas, tanto no ambiente quanto nos pratos que vêm da
cozinha, assinados pelo chef Paulo Andrietti.

O chef

Nascido em Blumenau, 32 anos,
Andrietti já tem uma bela história entre as panelas.
Por hobby, começou a cursar gastronomia na Univali, em Balneário Camboriú. Gostou tanto que largou o emprego na área de RH para se dedicar à cultura dos sabores e, logo de chofre, conseguiu um estágio não remunerado no Dudu, o restaurante do chef Dudu Poerner (que hoje também está no Quintal do Porco, com a chef Eva dos Santos).
Daí em diante, só cresceu. Fez
então um estágio (obrigatório) da faculdade no Restaurante Manu, conseguiu uma
bolsa de estudos para estudar um semestre na Le Cordon Bleu de Santiago-Chile
e, de lá, voltou a se comunicar com a chef Manu Buffara, perguntando para
quando haveria uma vaga efetiva. Havia. Em janeiro de 2020 foi contratado e por
lá permaneceu até o ano seguinte.
Saiu para ajudar o chef Danilo
Takigawa em parte do projeto do restaurante ASU e desempenhou a função de chef
de cozinha, até decidir ir para o Chez Margot, em novembro de 2021.
French toast, o carro chefe do brunch do Chez Margot.
French toast, o carro chefe do brunch do Chez Margot.
Foi o responsável pela criação
do cardápio do jantar, mas também de alguns itens do brunch, como o French toast, que é o carro chef da
casa.
Com isso, o pique da cozinha
se desdobra pelo dia todo, pois o serviço começa ainda no fim da manhã e se
estende até tarde da noite, ininterruptamente.

Sabores e texturas

Duplas de snacks de vieiras e morango, servidas em casquinha de massa filo - servidas em candelabro.
Duplas de snacks de vieiras e morango, servidas em casquinha de massa filo - servidas em candelabro.
O brunch é muito convidativo. A
começar pelo já citado French toast
(tijolinho de brioche com leite de especiarias, recheado de doce de leite e
acompanhado de frutas vermelhas frescas e crème anglaise – R$ 38).
Mas também tem outros clássicos, feito Eggs Benedict (R$ 36) e Gravlax (com sour cream e blinis, como deve ser – e às vezes até com caviar – R$ 108), além de Steak tartare com batatas (R$ 39), Sanduba de frango (R$ 34), Avocado toast (R$ 32) e Burrata (R$ 84), para citar apenas mais alguns itens do menu.
Ainda a dupla de snacks de vieiras, agora em close - com o detalhe da delicadeza da pétala de cravina.
Ainda a dupla de snacks de vieiras, agora em close - com o detalhe da delicadeza da pétala de cravina.
Para o jantar, o cardápio é
tentador. Assim como o do brunch, está exposto em uma folha só, com separação
de entradas, proteínas e vegetais. Difícil não querer escolher tudo e, às vezes
(como foi meu caso e de minha acompanhante), é melhor se deixar levar pela
inspiração da casa, do feeling do chef Paulo Andrietti. Valeu a pena.
Enquanto negociávamos essa
opção, já tinham vindo os drinques que pedimos, um Salty velvet (Cachaça, limão, simple syrup e wasabi – R$ 42) e um White lady (gin, cointreau, simple syrup
e limão siciliano – R$ 42), mais suave, que, como o próprio nome sugere, é mais
adequado ao paladar das mulheres.
Foi quando começaram a vir as
tentações. Dentro do espaço destinado às velas, em um candelabro, vieram vieiras,
com incrível combinação de sabor: Duplas
de snacks de vieiras e morango, servidas em casquinha de massa filo
(R$ 54),
perfeita fusão entre o ácido da fruta com o adocicado do molusco – para mim, o
mais gratificante sabor do mar.
Atum cru em cubinhos, servido com leite de coco feito na casa, temperado com gengibre, sorbet de lichia e crocante de batata.
Atum cru em cubinhos, servido com leite de coco feito na casa, temperado com gengibre, sorbet de lichia e crocante de batata.
Steak tartare em mini sonho, finalizado com sour cream e ovas de peixe voador.
Steak tartare em mini sonho, finalizado com sour cream e ovas de peixe voador.
Em seguida, Atum cru em cubinhos, servido com leite de
coco feito na casa, temperado com gengibre, sorbet de lichia e crocante de
batata
(R$ 54), Steak tartare em mini
sonho, finalizado com sour cream e ovas de peixe voador
(R$ 44) e, para
fechar as entradas, Rosbife defumado,
feito na casa, emulsão de anchova, migas de pão com alho, espinafre e grana padano

(R$ 32).
Foi tudo ótima inspiração para imaginar o que viria a seguir, entre proteínas e vegetais.
E o desfile recomeçou com um
gracioso prato – de se repetir - a Porção
de mini molho servida com emulsão de pimenta chipotle
(R$ 25), seguida de Cubos de abóbora cabotiá levemente defumada
e servidos com creme de queijo branco, praliné de castanhas, salsa verde
cítrica e quinoa
(R$ 27). Para fechar os vegetais, Bok choy grelhado na manteiga, servido com vinagrete de gergelim e
katsuobushi
(R$ 38). Claro que os levíssimos flocos orientais de peixe vêm
se mexendo, estimulados pelo calor emanado pelo próprio prato.
Cubos de abóbora cabotiá levemente defumada e servidos com creme de queijo branco, praliné de castanhas, salsa verde cítrica e quinoa.
Cubos de abóbora cabotiá levemente defumada e servidos com creme de queijo branco, praliné de castanhas, salsa verde cítrica e quinoa.
Barriga de porco laqueada, com caldo de porco, servida com pimenta togarashi e crocante de milho.
Barriga de porco laqueada, com caldo de porco, servida com pimenta togarashi e crocante de milho.
O primeiro dos pratos de
proteína foi o Peixe do dia, com beurre
blanc cítrico, servido com saladinha de brotos
(R$ 45), antecipando a
chegada da Barriga de porco laqueada, com
caldo de porco, servida com pimenta togarashi e crocante de milho
(R$ 39) –
e aqui, mais uma vez dá pra sentir o chef bem à vontade, brincando com os
sabores asiáticos -, terminando com o Agnolotti
recheado de pato confit, servido com molho do próprio pato cozido lentamente,
molho de beterraba e lascas de grana padano
(R$ 75).
As sobremesas não estão no
cardápio. Sempre tem a sobremesa do dia, que, naquela ocasião foi uma Torta de três chocolates (70, ao leite e
branco).
Fiz questão de descrever todos
os pratos para poder passar uma noção do prazer derivado de tudo o que chegou à
mesa. Ainda mais, com o acompanhamento de um belo vinho da carta, que tem boas
alternativas de escolha.
Bok choy grelhado na manteiga, servido com vinagrete de gergelim e katsuobushi.
Bok choy grelhado na manteiga, servido com vinagrete de gergelim e katsuobushi.
As porções são pequenas e os
preços mais em conta do que cardápios normais, de prato único, para provocar o
comensal a pedir este, mais este, mais aquele e compor a combinação desejada. O
que posso garantir é que, em cada um deles, é possível sentir o carinho e a
emoção que o chef passa na criação do que o Chez Margot serve, espelhando o
tudo de carinho que Bárbara Nessler emana em sua volta, que certamente já o
fazia como bailarina, ainda nos bolos dos primeiros tempos de gastronomia –
quando ainda eram improvisados na própria residência - e agora, nesta casa
linda e aconchegante que dirige.
É só chegar, provar e
constatar o que representa esse passeio sensorial. Seja brunch, seja jantar.
Impossível não sair feliz.
Torta de três chocolates, a sobremesa do dia.
Torta de três chocolates, a sobremesa do dia.
Serviço:
Chez Margot Bistrot
Alameda Princesa Izabel, 1324 (2º andar) – Mercês
Fone: (41) 99256-9881
Encomendas e reservas: clique aqui
Instagram: @chezmargotbistrot
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