O primeiro jantar de sucesso a gente nunca esquece

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Paleta de leitão ao forno com nhoque de batatas trufado, speck crocante e espuma de foie gras, a grande estrela da noite de estréia de Lênin Palhano.

Lênin Palhano e Philippe Pacalet, um jantar com perfeita harmonização.

Se é nos grandes desafios que os talentos se sobressaem, Lênin Palhano já começou muito bem. O jovem chef, que assumiu recentemente a cozinha do C La Vie, passou com louvor pela primeira prova de fogo, tendo de cozinhar para harmonizar seus pratos com os excelentes vinhos do produtor francês Philippe Pacalet, um dos mais respeitados da região da Borgonha – por si só uma referência em vinhos de altíssima qualidade.Veja a nota anterior aqui, anunciando o primeiro jantar oficial na nova casa.

Pois esse londrinense de 25 anos conseguiu conceber e executar um jantar equilibrado, ressaltando sabores sem pretender ser estrela e valorizando principalmente os ingredientes básicos de cada prato.

Camarão rosa salteado com musseline de cará ao molho de moqueca e farofinha de pistache, o primeiro prato da noite.

No primeiro deles, a entrada, um Camarão rosa salteado com musseline de cará ao molho de moqueca e farofinha de pistache, a delicadeza da textura da musseline conduziu os sabores em torno do camarão que foi ao prato (o vinho servido foi o Chablis 1er Cru Beauroy 2008).

O primeiro dos pratos principais foi o melhor de todos, o campeão da noite. A Paleta de leitão ao forno com nhoque de batatas trufado, speck crocante e espuma de foie gras. A carne se desmanchava de tão macia, com o courinho crocante. O nhoque trufado deixava no paladar apenas um leve sabor de trufas, bem discreto e não com o exagero que normalmente se vê, quando o trufado toma conta de todo o prato. A espuma, discreta, puxava do fundo o toque do foie, com a crocância do embutido. Com o vinho Chambolle-Musigny 2006, então, ficou perfeito.

Lombo de cordeiro em crosta de parmesão com risoto de arroz selvagem ao molho rústico, o segundo prato principal.

Em seguida, um Lombo de cordeiro em crosta de parmesão com risoto de arroz selvagem ao molho rústico, também muito interessante, mas que deu azar de chegar depois do leitão (o vinho foi o delicioso Pommard 2006).

Dueto de doce de leite, a contribuição de Harumi Iura para o sucesso do jantar harmonizado.

Harumi Iura, a chef pâtissière da casa.

Palhano conta com uma também jovem e inspirada parceira, Harumi Iura, chef pâtissière da casa, que foi a responsável pela sobremesa da noite especial. Ela apresentou um Dueto de doce de leite que fechou o jantar em alto estilo (acompanhado do vinho doce Muscat de Beaumes de Venise 2007 – Perrin, o único da noite que não era Pacalet).

A proposta de Lênin Palhano é moldar, com o passar do tempo, o cardápio do C La Vie à sua feição, com a manutenção inicial do menu já existente, criado em sua maioria por pratos assinados pelo consagrado e premiado chef francês Erick Jacquin (do La Brasserie, de São Paulo), responsável pela consultoria na estruturação do restaurante. E aí me preparei para um pedido muito especial ao novo chef: se aos poucos os pratos de Jacquin fossem sendo retirados, o que poderia ser a tendência, que deixassem por último o Canard em cocotte, Chef Jacquin, aquele pato (peito e coxa) cozido em fogo bem lento e que chega à mesa se desmanchando, envolto por um molho tentador, combinação de duas ou três espécies de cogumelos. Foi um dos melhores pratos que comi nos últimos tempos. A resposta veio de pronto: os clássicos de Jacquin, dentre os quais o prato citado, permanecerão no cardápio da casa, dividindo espaço com as criações de Palhano. Muito bom.

O primeiro teste do chef iniciante foi compensador, dentro da expectativa de quem vinha se sobressaindo na cozinha do Terra Madre como braço direito de Ivan Lopes. O parecer definitivo ainda virá, com a consolidação de seu trabalho. Mas que Lênin Palhano tem todos os requisitos para ser consagrado, isso lá tem.

Restaurante C La Vie
Rua Comendador Araújo, 970 – Batel
Fone: (41) 3029-9988

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