Abrindo parágrafo
Não resisto às trilhas. Peixinho simpático, saboroso e muito barato.
Não está entre os mais consumidos pelo brasileiro, mas certamente quem prova pela primeira vez passa a ser fã, repetindo receitas.
É um peixe pequeno, rosado, que se dá muito bem com os temperos simples da região do Mar Mediterrâneo. Da Provença à Riviera del Fiori, já na Itália. Por lá, os ingleses, espanhóis e italianos chamam-na de Salmonete, enquanto os franceses, como sempre na deles, chamam de Rouget de roche.
As trilhas costumam acompanhar os cardumes de camarão, ajudando os pescadores a encontrar os crustáceos. E talvez seja por isso que têm esse nome. Trata-se de um peixe com textura e sabor assemelhados aos do camarão e carne que pode lembrar a do caranguejo, embora mais seca e com pouca gordura.
Faço sempre que possível. Comecei a fazer esse texto aqui e me lembrei de já ter escrito a respeito tempos atrás. E bota tempo nisso, foi em 2012, até com outra receita de preparo, com muito mais influência mediterrânea (confira aqui).
Daí, dias atrás, constatei que as trilhas estavam novamente colorindo o balcão da Pescados Keli Mozer, no Mercado Municipal de Curitiba. Lindas e baratas, como sempre. Para se ter uma ideia, custam R$ 18 o kg e cada uma delas pesa entre 100g e 200g. Como tinha imaginado fazer com um molho farto, para cozinhar nele, trouxe três, com preço final de R$ 8,76.
Mais os complementos, o custo final do prato não chegou a R$ 20. E com rendimento para duas pessoas. Na hora de servir, uma para cada um, com direito à metade de outra como repetição. O farto molho à base de tomate sugere acompanhamento de polenta ou massa, com sotaque bem italiano. Ou até mesmo arroz branco, que é como a maioria do povo aqui aprecia à mesa.
Na hora de batizar o prato, um dilema. Não daria para chamar de Mediterrânea, pois alguns faltavam e outros não tinham a ver. Nem provençal, com aquele excesso de tomate que utilizei. E ainda por cima entraram algumas folhas de alfavaca (que a peixaria sempre dá de brinde), que, embora muita gente confunda com o manjericão, nada tem a ver, nem da mesma família é – apenas o sabor é aproximado.
Pensei então em Trilhas ao ragu de tomate. Sim, ficou isso mesmo.
Tem alguma ideia para cozinhar nos próximos dias? Acho que essa aqui pode ser uma boa sugestão. Fácil e saborosa sugestão.
Vamos à receita, então.
Trilhas ao ragu de tomates
Ingredientes
- 2 colheres (sopa) de azeite de oliva
- 3 trilhas, inteiras e limpas
- 1/4 de cebola, picada
- 1 dente de alho, picado
- 200g de tomate pelado em lata
- 2 colheres (sopa) de talos de cebolinha, picados
- 3 colheres (sopa) de salsinha, picada grosseiramente
- 1 colher (sopa) de alcaparras lavadas e escorridas
- 6 a 7 folhas de alfavaca, rasgadas
- sal e pimenta-do-reino (moída na hora, de preferência)
Modo de preparo
- Aqueça o azeite em uma frigideira média (que caibam as 3 trilhas).
- Junte a cebola e refogue por 3 minutos, o suficiente para que os pedaços murchem.
- Entre com o alho picado e refogue por mais 2 minutos.
- Adicione os tomates pelados (se estiverem inteiros, esmague-os grosseiramente com as mãos) e misture bem.
- Tempera levemente com sal e pimenta, lembrando que a alcaparra é salgada.
- Tampe a frigideira e cozinhe em fogo baixo por 10 minutos.
- Acrescente a cebolinha e a salsinha e, em seguida, as alcaparras.
- Coloque com cuidado as trilhas por cima (já temperadas com sal e pimenta) e as alfavacas rasgadas.
- Tampe novamente a frigideira e cozinhe por mais 10 minutos. Sem virar as trilhas, para não desmancharem. Para misturar um pouco, só sacuda levemente a frigideira.
- Desligue o fogo e sirva.
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