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Paulo Briguet

Paulo Briguet

“O Paulo Briguet é o Rubem Braga da presente geração. Não percam nunca as crônicas dele.” (Olavo de Carvalho, filósofo e escritor)

Regime PT-STF

O Processo do Brasil: a verdade sobre um país kafkiano

Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF). (Foto: Dorivan Marinho/STF)

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“E que sentido tem essa grande organização, meus senhores? Consiste em prender pessoas inocentes e mover contra elas processos absurdos.”
(Franz Kafka, “O Processo")

Se a obra de um homem leva 100 anos para se realizar na plenitude, como já disse alguém (creio que foi Proust), podemos afirmar que o romance “O Processo”, de Franz Kafka, está no auge de sua significação histórica. Em 2025, completam-se 100 anos da publicação de “O Processo” (Der Prozess) pelo editor Kurt Wolff, em Berlim, por decisão de Max Brod, amigo e executor testamentário de Kafka. Apesar de inacabado, o livro póstumo de Kafka (que morreu em junho de 1924) é considerado uma das obras fundamentais da literatura contemporânea.

Evidentemente, uma obra como “O Processo” comporta várias camadas de significado e possibilidades de interpretação simbólica. Mas, qualquer que seja a tendência interpretativa do leitor, não há como não sofrer o impacto da primeira frase do romance, uma das aberturas mais famosas da literatura universal:

“Alguém certamente havia caluniado Josef K. pois uma manhã ele foi detido sem ter feito mal algum.”

A imagem do homem acordado por dois agentes policiais que lhe dão voz de prisão possui um caráter profético. Kafka escreveu “O Processo” entre 1914 e 1915, no início da Grande Guerra, portanto alguns anos antes do surgimento dos sistemas totalitários do nosso tempo. 

No comunismo e no nazismo, essa cena a de um homem que se crê inocente sendo despertado e detido por funcionários do Estado se multiplicaria aos milhões. E continua ocorrendo até hoje, mesmo em países supostamente “democráticos”.

Um detalhe que geralmente escapa mesmo aos leitores mais atentos de Kafka é o nome dos dois agentes que anunciam a detenção de Josef K. Eles se chamam Franz e Wilhelm, respectivamente os nomes dos imperadores da Alemanha e do Império Austro-Húngaro à época em que o livro foi escrito. 

Ao final da guerra, em 1918, esses impérios não existiriam mais. Por sinal, em uma cena cômica do livro, algumas páginas depois, os dois agentes policiais são submetidos a um castigo humilhante.

Mesmo com todo o ceticismo em torno da visita do representante da OEA, o sr. Pedro Vaca, acredito que ele ouviu o suficiente para entender que o Brasil hoje é um país kafkiano.

Há sete anos, o povo brasileiro ousou eleger um presidente inaceitável para o sistema político.

Há seis anos, a mais alta corte do país instaurou um inquérito ilegal para perseguir os apoiadores desse presidente

Em seguida, as elites do sistema destruíram a Justiça brasileira para tirar um condenado da cadeia e colocá-lo na cadeira presidencial em uma eleição manipulada por um soviete não eleito.

Dois anos atrás, milhares de inocentes desarmados (como reconhece o próprio ministro da Defesa!) foram presos e acusados de participar de um golpe de Estado sem terem a mínima possibilidade de levá-lo a cabo.

Parlamentares são perseguidos e um deles está preso até hoje por crimes de fala. Ao longo dos últimos anos, uma máquina de censura foi implantada no país com financiamento de instituições estrangeiras.

Finalmente, o mundo está começando a entender o que aconteceu com o nosso país. Nosso governo é ilegítimo e nosso regime é ditatorial. Certa manhã, o Brasil acordou e foi preso sem ter feito mal algum.

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Conteúdo editado por: Aline Menezes

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