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Coletânea Re-Trato: Los Hermanos e sua influência indiscutível, goste você ou não
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É praticamente impossível falar sobre uma banda nacional nova sem que haja um chato pra dizer: “parece Los Hermanos”. O interessante é que essa reação não é reservada a um gênero muito específico.

Enxerga-se algo de Los Hermanos em um
grupo de artistas que vai d’A Banda Mais Bonita da Cidade, por exemplo, ao grupo carioca Do Amor, que é chegado num carimbó.

De 15 anos para cá, misturar rock com samba, MPB, ou qualquer outro ritmo brasileiro virou quase o mesmo que ser influenciado por Los Hermanos.

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Los Hermanos ao vento: 15 anos de estrada

Isso porque Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Rodrigo Barba e Bruno Medina formaram a maior banda brasileira da última década – e é lendo isso que alguns torcem o nariz. Lembre: era uma época de transição. Parte do rock brazuca era feito por zumbis (bandas dos anos 80 que sobreviviam do que haviam feito no passado) e parte por uma nova cena mineira, que surgia forte com Jota Quest, Skank e Pato Fu.

Houve rompantes de criatividade que deixaram um legado mais engraçado do que musical (Raimundos e Mamonas Assassinas) e finalmente as duas bandas que mais influenciaram o que veio na década seguinte: Chico Science & Nação Zumbi e Los Hermanos.

Nação Zumbi tem uma importância fundamental e alguns diriam até que poderia ter sido mais relevante do que o grupo carioca. Isso se a banda não tivesse surgido em Recife (aquela história de estar fora do eixo) e se Chico não tivesse morrido em um acidente bobo em 1997, justamente o ano de formação do Los Hermanos.

Pois bem. Comemorando os 15 anos da banda carioca, a Musicoteca teve a ideia de reunir parte dessa gente que “parece Los Hermanos” justamente para tocar Los Hermanos. O disco 1 da coletânea Re-Trato (baixe aqui) foi lançado na semana passada, e a segunda parte sai nesta quarta-feira (18). Fazem parte do projeto mais de 30 artistas, entre eles Pélico, Cícero, Tibério Azul, Barbara Eugênia, Banda Gentileza, e por aí vai… Ou por aí não vai também, como é o caso das versões de Anna Júlia feitas pela banda Velhas Virgens (sério).

Analisando pelas pontas – a faixa inicial e a final -, dá pra ter uma ideia da variedade do disco. Começa com “Todo Carnaval Tem Seu Fim”, sob os tratos da banda Do Amor, que deu à música uma divertida versão “marchinha de carnaval”. A que fecha o álbum é uma versão em inglês de Anna Julia, feita pelo Velhas Virgens, que ficou meio sem sentido.

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Bizarrinho: até Velhas Virgens participou da coletânea Re-Trato.

O Velhas Virgens nada tem a ver com a banda dos barbudos – os punks debochados estão comemorando 25 anos de carreira agora – mas também acabou sendo uma boa escolha para interpretar Anna Julia na versão em português. E vou te dizer por que. A música mais emblemática e polêmica da carreira do Los Hermanos acabou encontrando na imprevisibilidade uma boa saída pra ficar interessante.

A maioria das canções ficou bem com a cara daqueles que as retrataram, como “Condicional”, na voz de Pélico; “Deixa o Verão”, cadenciada por Tibério Azul; “Retrato pra Iaiá”, por nana (com letra minúscula mesmo) e “Além Do Que Se Vê”, no jeito de Cohen e Marcela. Os destaques, no geral, são as versões menos transformadas: “Morena”, por Tiago Iorc e “Dois Barcos”, pela Banda Mais Bonita. Há ainda a versão arrastada de “Primavera”, feita pelos também curitibanos da Banda Gentileza; e “Azedume”, única instrumental do disco, que ganhou um charme na melodia conduzida por sopros.

A coletânea não é algo excepcional, e nem era essa a proposta. Mas é, sim, uma homenagem justa e que merece ser ouvida pelos fãs, nem que seja pela curiosidade.

Além das músicas, quem baixa Re-Trato também ganha um bônus bem divertido. São ilustrações da artista plástica Luyse Costa, que criou uma série de gravuras exclusivas para o disco, em que cada desenho representa uma das músicas — veja ali embaixo. Complemento de uma justa homenagem a Los Hermanos que, aliás, toca no Lupaluna, no BioParque, no dia 18 de maio.

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