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Lorenzo Molossi, o Veenstra.
Lorenzo Molossi, o Veenstra.| Foto:

Se pensarmos sobre a cena contemporânea de bandas roqueiras instrumentais de Curitiba, um começo digno é a extinta Maremotos, que com seu surf rock imponente escreveu uma pequena história, lá no começo da década passada.

No pós-rock, a redenção veio com ruído/mm, o nosso Mogwai. Em dez anos de estrada, há um disco indiscutível (introdução à cortina do sótão), shows extraterrenos e aquele algo a mais, às vezes inexplicável, que combina tanto com essa cidade, fria até na porta do verão.

Crédito: Divulgação

ruído, o carro-chefe. (Crédito: Mariana Zarpellon)

Orbitando em torno do ruído, literalmente, há o peso sublime da This Lonely Crowd e a espécie de “nu-pós-rock” da Beyond Frequency, ambas com discos fresquinhos na área. E não esqueçamos também do noise rock do Sonora Coisa, banda produzida por Mark Kramer, nova iorquino conhecido por seus trabalhos com o Galaxie 500.

Também faz parte dessa barulheira toda o Festival Sinewave, que teve sua última edição na cidade no dia 4 de outubro. Bem organizado, o evento reúne os amantes do gênero, e proporciona encontros, debates e comunhões interessantes. Se você sair do Sinewave com um “piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii” nos ouvidos, é um bom sinal.

Pois bem. Há uma nova geração de pós-rock na cidade. O som que fazem talvez demande uma dose maior de paciência e dedicação, qualidades cada vez mais raras. Porque regozijam algo de etéreo, de espacial, ao mesmo tempo em que são capazes de fisgar pelo fígado o ouvinte mais atento e sensível.

Lorenzo Molossi, o Veenstra.

Lorenzo Molossi, o Veenstra.

O principal projeto musical de Curitiba nos últimos anos — acredite nisso — atende pelo nome de Veenstra. Por trás dele, há um garoto de 17 anos chamado Lorenzo Molossi que tem atitude neopunk, já que toca e grava tudo em casa, sozinho, e um caminhão de boas influências capaz de fazer Fabio Massari dar um sorriso maroto. Six Months of Death, lançado no início de 2013, é seu melhor registro. Um álbum realmente surpreendente. No próximo dia 13, Veenstra lança outro registro, chamado People & The Woods.

Lorenzo é baterista da banda Dunas, que lançou seu primeiro EP neste ano – leia resenha aqui. O vocalista do grupo, Francisco Bley, também se lançou nesse mundo, e criou um projeto paralelo chamado Laverna. Inspirado pela musique concrète – estilo que preza versões eletroacústicas e adiciona sons incidentais, como o canto dos pássaros e vozes humanas –, lançou recentemente sua primeira música, “O Matrimônio Entre o Céu e o Inferno”. É só um primeiro e corajoso teste, é verdade – talvez sirva como esqueleto para algo maior? — mas já é perceptível o cuidado com as diversas camadas sonoras. Por isso um bom fone de ouvido é essencial.

Tem mais. Na semana passada, Lucas Leite, o baixista da banda Farol Cego – que fez um debute primoroso no Wonka dia desses – se juntou a Veenstra para emendar outro projeto instrumental, agora chamado Hansii. Com mais vigor e sangue, é outro exemplo do novo capítulo desta rica cena, que começa a se desenhar e a dar frutos barulhentos, às vezes oníricos e, no fim das contas, mais humanos. Stay tuned.

 

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