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Grâce à Dieu, de François Ozon estreia nesta 6ª feira (08.02)  na 69ª edição do Festival de Berlim.

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O filme – que está na mostra oficial fora de competição e traz nos papéis principais, Melvil Poupaud, Denis Ménochet e Swann Arlaud – é um dos trabalhos mais ousados e politizados do realizador francês de obras como “8 Mulheres” (2002), “Dentro de Casa” (2112), “Frantz” (2016) e O Amante Duplo (2017).

A trama é sobre o caso real do padre Bernard Preynat, acusado em 2016 de ter abusado sexualmente de mais de 70 jovens escoteiros entre 1986 e 1991.  O cardeal Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, está sendo julgado por não ter denunciado os crimes.

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A história segue Alexandre, um homem de 40 anos, que mora em Lyon com sua esposa e filhos. Um dia, descobre por acaso que o padre que abusou dele na infância ainda está trabalhando com crianças. Ele une forças com François e Emmanuel, duas outras vítimas do sacerdote, para “acabar com  o fardo do silêncio” em torno da provação que passaram. Mas as repercussões e consequências não deixarão ninguém ileso.

Inicialmente Ozon tinha intenção de fazer um filme sobre a fragilidade masculina. Quando o fato do abuso veio à tona, pensou em fazer uma peça, depois um documentário e, afinal, se decidiu pela ficção.  Abalado pelos depoimentos das vítimas, aproximou-se delas para conhecer mais sobre como tudo aconteceu.

Na coletiva com a imprensa que antecede à sessão de gala no Palácio dos Festivais, o  diretor disse que “Grâce à Dieu”  é contado do ponto de vista das vitimas.

“O filme é um retrato desses homens que foram abusados, como eles viviam com os seus traumas, como decidiram falar  e quais as repercussões familiares e sociais para suas vidas”, ressalta Ozon reafirmando que não inventou nada sobre o que aconteceu.

Centrado nas vítimas do Padre e sua luta para “libertar a palavra”, o filme de fato não revela nada que já não seja conhecido ou não tenha sido dito nas audiências do julgamento de Barbarin.

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Quase como um documentário, o diretor retrata  os fatos, desde a abordagem empreendida por Alexandre perto da diocese de Lyon para obter a revogação do Padre, até a criação da associação La Parole Libérée e sua decisão de levar o caso à praça pública.

Ozon está de volta à Berlim, onde já esteve algumas vezes, inclusive em 2007 quando “Angel” concorreu ao Urso de Ouro e  foi o filme de encerramento.