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Lula
O que será que Lula vê quando olha para cima?| Foto: EFE/ André Coelho

Segunda-feira (6), Aloízio Mercadante, aquele que não desiste de fracassar, assumiu mais um cargo num governo petista. Agora ele é presidente do BNDES, um cofrinho que o PT administra estrategicamente para financiar ditaduras de esquerda por aí. Cuba, Venezuela e o pujante Moçambique que o digam! Durante o discurso na cerimônia de posse do cumpanheiro, Lula mais uma vez mentiu, falou abobrinhas e deixou clara sua visão canhotíssima do mundo.

Sendo mais específico, mentiu ao dizer que o calote que as ditaduras amigas em Cuba e na Venezuela deram no BNDES era culpa de [adivinha!] Bolsonaro. Falou abobrinhas ao fazer pressão para que o Banco Central diminua os juros – na marra. E deixou clara sua visão canhotíssima do mundo ao dizer que as manifestações de Oito de Janeiro foram uma “revolta dos ricos que perderam as eleições”.

Que é absurdo, revoltante, inaceitável e deplorável eu e você já sabemos. Ressaltar isso seria chover no molhado e ceder à tentação da indignação impotente. Prefiro espremer os olhos, franzir a testa, talvez levar a mão ao queixo e me (e lhe) perguntar: como é possível que alguém possa desperdiçar não só a primeira e segunda, mas também a terceira oportunidade que Deus está lhe dando para fazer o certo?

(E aqui não importa se Lula está ocupando o Trono de Babaçu pela vontade de 51% dos eleitores ou dos amigos no TSE e STF. O fato é que, por caminhos que nós, em nosso minúsculo entendimento da vontade divina, consideramos tortos, Lula é o presidente do Brasil neste momento - até não ser mais).

Porcos

Pergunto isso porque estou lendo “A Volta do Filho Pródigo”, de Henri Neuwan (recomendo!), e não consigo parar de pensar em todas as vezes que me vi num lugar distante, disputando alimento com os porcos e me negando insistentemente a voltar para casa. Quantas vezes achei que finalmente me adaptaria ao mundo ou que o mundo se adaptaria a mim e, em me enganando, tive de me confrontar com minha soberba inicial, justamente aquela que me fez chafurdar na miséria humana?

Antes que alguém venha me dizer que estou politizando uma parábola bíblica, esclareço (sem nenhuma esperança de ser ouvido) que estou é espiritualizando um personagem político. Estou contemplando o Lula personagem e dando a ele uma dimensão espiritual, na esperança de que o leitor (é, você mesmo!) ignore o político que por ora disputa a lavagem com os Porcus brasilienses e volte os olhos para si. Para todas as oportunidades em que você optou por aproveitar as falsas delícias do mundo em vez de procurar o conforto simples da casa paterna, onde prevalecem a Verdade e a retidão. Capisci?

Lula foi incapaz de resistir à tentação do amor das multidões – por mais que esse amor seja tão falso quanto frágil. Lula foi incapaz de resistir à tentação de se sentir aceito pela elite intelectual e financeira, com todas as finesses e luxo que lhe faltaram quando criança pequena lá em Garanhuns. Lula foi incapaz de resistir à tentação de transformar o mundo para que ele satisfaça todos os prazeres humanos, da picanha farta à preguiça igualitária, da inveja institucionalizada à ira tresloucada. E por aí vai.

Sendo que em algum momento, talvez logo depois de ter saído da prisão (sim, temos um presidente que já foi preso por corrupção), seguramente deve ter passado pela cabeça dele que era hora de sossegar. Ou será que estou sendo mais uma vez ingênuo? Paciência. Prefiro minha ingenuidade intencional e artificial ao cinismo natural e espontâneo que me rodeia. Na minha imaginação, as oportunidades de redenção oferecidas a Lula foram tantas quantas as tentações. Mas ele preferiu e prefere o canto das sereias que, empunhando bandeiras vermelhas, gritam: “Olê, olê, olê, olá! Lulá, Lulá!”.

Mas Lula é problema do Luiz Inácio. Mais produtivo é olharmos para dentro e pensarmos, inspirados na deplorável experiência alheia, em todas as repetidas oportunidades que também desperdiçamos. Oportunidades de fazer o certo. De reparar erros. De pedir desculpas. De reconhecer que não somos capazes - porque às vezes não somos mesmo. Uma última: de nos confrontarmos cotidianamente com nossa soberba, com essa ideia macabra e insistente de que podemos ser deuses.

Não somos.

Diante disso, a pergunta que fica é: como vamos sair da enrascada de sermos governados por um Lulão e milhares de lulinhas que, cotidianamente, abandonam o conforto e a segurança da Verdade para viverem na esbórnia de suas consciências corrompidas, sem que jamais lhes ocorra a possibilidade de reconhecer o erro e pedir perdão? Se bem que, desconfio, para essas pessoas a solução para todos os problemas do mundo passa necessariamente pela socialização da lavagem. Essa coisa de voltar para casa a gente deixa para depois que a utopia estiver implantada.

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