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No julgamento de Bolsonaro, o ministro Luiz Fux falou, falou, falou, falou, falou, falou, falou. Fez uma pausa. E falou, falou, falou, falou,... Foram 13 horas de um voto que a direita diz que é técnico, bem fundamentado e demolidor, ainda que, na prática, seja inútil. E é inútil justamente porque a esquerda o refuta com uma acusação grave, muito grave, gravíssima: a de que Fux usa peruca.
Não, não é brincadeira. Antes fosse! Na quarta (10), várias personalidades de esquerda exibiram todo o seu notório saber jurídico para contestar o voto de Fux fazendo referência à prótese capilar, popularmente chamada de “peruca”, que o ministro talvez use, talvez não use – um dos grandes mistérios da Humanidade e da tricologia, e que será desvendado ainda ao longo deste texto. Não perca!
Peruca e... caráter
Sobre Fux e seu voto dissidente, o douto Leonel Brizola Neto, por exemplo, escreveu que “Não podemos esperar muito de um homem que tem vergonha de ser careca!”. Já o portal jurídico Porta dos Fundos publicou um videozinho de um sujeito assustado, com a legenda: “Meia-noite eu dando de cara com a peruca do Fux”. Já o jornalista Chico Pinheiro citou uma frase genial (há controvérsias, e muitas!) do ator Bemvindo Sequeira: “A cabeça é que define o caráter do homem que usa peruca”.
Já a cantora Teresa Cristina (não era senadora?) fez uma interessante acusação de que vivemos sob censura. Preste atenção ao que ela escreveu: “O que eu tenho pra falar desse homem de peruca que não tem a decência de exibir a própria calvície eu não posso”. O que será que o Fux fez para deixá-la tão magoada assim? De qualquer modo, vale a pena prestar atenção nessa que é mais uma voz que o STF calou. Só que ela nem se dá conta disso, tadinha.
Conveniência canalha
Eis o nível da discussão política e jurídica no Brasil: por conveniência canalha ou talvez incapacidade de apreender o momento histórico em toda a sua gravidade, tudo o que Fux disse na quarta-feira, ao longo de 13 horas, todas as refutações, todas as denúncias e todos os argumentos que expuseram a farsa política que é o julgamento da suposta trama golpista foram resumidos à dúvida quanto ao revestimento do couro cabeludo do único ministro que ousou se rebelar contra os demais militantes de toga.
O que, por sua vez, revela o baixíssimo nível ético e retórico de uma gente que não tem vergonha de usar um detalhe estético para mitologizar o aliado e desumanizar o adversário. Repare: para a esquerda, a alopecia assumida de Alexandre de Moraes é sinal de coragem, honra e inteligência, ao passo que a vasta cabeleira grisalha de Luiz Fux é sinal de fraqueza, de vaidade e, em sendo de fato uma peruca (será que é?), de insegurança e de senso do ridículo.
A pergunta de R$1 milhão
Agora, porém, ao momento mais aguardado do texto. A pergunta que vale um milhão de reais. Ou 43 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, sei lá. Tcha-na-na-nan! Será que o ministro Luiz Fux usa peruca ou será que sua volumosa juba, grisalha como a asa de uma graúna, uma graúna idosa, é natural e de dar inveja a certos ministros e cronistas capilodeficientes? Hein, hein?! A resposta está no parágrafo seguinte, também conhecido como “último”.
Pois então. Em 2012, em entrevista à jornalista investigativa Mônica Bergamo, o ministro Luiz Fux negou usar peruca e revelou que fez implante capilar. Decepcionante, não? Mas é isso. Só isso. Nada mais do que isso. De qualquer forma, não desanime. Porque faltam ainda alguns dias de julgamento e até lá é capaz de alguém lançar uma suspeita sobre a quantidade de pães de queijo consumidos por Cármen Lúcia ou a estampa da gravata de Cristiano Zanin. E cá estaremos nós, atentos, discutindo esse monte de nada com a melancolia de quem se apega à ciência dos folículos capilares enquanto o desastre acontece bem diante de nossos olhos.
