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Investir é algo que deve ser feito com base em conhecimento, e não crença. Faço essa afirmação especialmente porque, nas minhas conversas diárias com investidores, tem uma frase recorrente, especialmente de quem está entrando neste mundo agora: “gostaria de aplicar naquele investimento que é conservador e rende 1% ao mês”. Este conceito, ou crença, foi criado em uma época diferente, e hoje esse número “mágico” que os novatos buscam não se aplica à nossa realidade. Por quê?

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Para considerar um retorno de 1% ao mês em uma aplicação conservadora, seria necessário que a taxa de juros, a Selic, esteja em cerca de 12% ao ano. Para se ter uma ideia em termos de rentabilidade, a tradicional poupança no ciclo atual de juros rende 0,37% ao mês com a perspectiva de retorno próximo de 4,5% em 2019, algo muito distante do número desejado pelos investidores.

Já os investimentos atrelados a 100% do CDI devem trazer retorno próximo de 6,4% neste ano, caso a taxa permaneça neste patamar atual. Mas estes números, assim como dos demais investimentos no Brasil, dependerão da aprovação da Reforma da Previdência no Congresso e o quão consistente será para o ajuste das contas públicas. Assim, será possível ter um prognóstico mais acurado.

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Outra crença é com relação ao juro real. Quando realizamos um investimento em renda fixa, ou seja, conservador, não é correto olhar apenas a taxa de juros ou o retorno que o investidor terá.

É preciso olhar o nível da taxa de inflação medida pelo IPCA. Em 2015, quando a Selic estava em 14,25%, a inflação fechou o ano em 10,7% e, fazendo uma conta simples – um valor próximo do real –, o investidor obteve retorno real de 3,5%. Em 2019, com expectativa de manutenção dos juros em 6,5% e inflação próxima de 3,5% no ano, o ganho real deve ficar próximo de 3%. Dessa forma, não há grande diferença no retorno real em um período de Selic elevada e outra no menor patamar da história.

Voltando ao tema anterior, para buscar retornos mais elevados ou algo próximo do 1% ao mês, a recomendação é que o investidor esteja apto a correr um pouco mais de risco. Quanto maior o risco, maior deverá ser o retorno almejado em uma carteira de investimentos. Portanto, as aplicações consideradas conservadoras, como os títulos do Tesouro Selic, os tradicionais CDBs, Letras de Cambio (LC), Letras de Crédito Imobiliária (LCI) e do Agronegócio (LCA) – investimentos mais propagados pelas plataformas digitais de investimento – não deverão trazer, tão cedo, o tal retorno de 1% ao mês.

A sugestão é conhecer opções como os fundos multimercado e o mercado de ações – que são para um perfil mais agressivo, mas que podem trazer retornos melhores. Sem crenças, com conhecimento sobre todas as possibilidades e, claro, sobre o objetivo que o investidor quer alcançar, é que se definem as melhores opções.