Como uma possível volta de Lula movimentou o mercado financeiro

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Na tarde desta segunda-feira (08) o mercado recebeu com surpresa a decisão do ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, de suspender todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela 13ª Vara Federal da Justiça de Curitiba, responsável pela Lava Jato. Como próximos passos, para que o caso seja analisado no plenário da Corte, será preciso que o Procurador Geral da República, Augusto Aras, recorra contra este entendimento. O ponto de destaque nessa decisão é que Lula volta a estar em condições de concorrer às eleições presidenciais em 2022.

Como a notícia foi divulgada com o pregão em andamento, rapidamente o Ibovespa (principal índice da bolsa brasileira) recuou forte, passando dos 114 mil pontos para os 110 mil pontos. Ou seja, acelerou a queda para mais de 4% no dia. Por outro lado, o dólar avançou assim que o fato veio à tona, subindo além dos R$ 5,80. Até por certa coincidência ao momento, recomendo a leitura do artigo que escrevi na semana passada sobre dolarizar seus investimentos. Diversificar é importante, ainda mais adicionando um fato que gera nova insegurança jurídica aos investidores, em especial, aos estrangeiros sobre o Brasil.

Com essa queda da bolsa, fica clara a interpretação negativa do mercado acerca do tema e como isso pode favorecer a polarização nas eleições do próximo ano. Obviamente que ainda é cedo para qualquer constatação, mas o que se demonstra nessa repercussão é que o país (que vem sofrendo com problemas fiscais e em meio a uma pandemia) pode entrar novamente em discussões que - a princípio - estavam encerradas com a Operação Lava Jato.

Por enquanto, em anúncio recente, o ex-candidato às eleições presidenciais passadas, Fernando Haddad (PT-SP), já afirmou que concorreria ao pleito pelo partido em 2022. Entretanto, a questão pode ser revista com Lula elegível.

Outra forte repercussão negativa foi vista nas ações de empresas estatais, como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil. Elas reagiram imediatamente de forma negativa ao anúncio, assim como as taxas de juros futuro, que foram às alturas. Como a PGR afirmou que irá recorrer da decisão do ministro do STF, ainda se pode vislumbrar outro cenário, mas hoje o dia ficará marcado pela retomada dos direitos políticos do petista.

Por fim, é importante ressaltar que diversas mudanças podem ocorrer nos próximos meses, mas faz sentido estarmos cada vez mais atentos ao cenário eleitoral que se desenha e, assim, tentarmos traçar possíveis cenários de investimentos e buscar a melhor rentabilidade sobre o menor risco. Para isso, acompanhe desde já a agenda fiscal no Congresso Nacional e as movimentações para 2022.

Roberto Indech

Roberto Indech é estrategista-chefe da Clear Corretora e sócio da XP Inc. Escreve às terças-feiras **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.

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