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Ex-juiz federal Sergio Moro defende CPI do MEC
Em entrevista à Gazeta, Sergio Moro declarou não ser o momento de comentar queixas que tinha sobre o ex-partido.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A saída de Sergio Moro do Podemos, nos últimos dias da janela partidária surpreendeu a todos que acompanhavam o cenário político nacional. Moro, que vinha construindo sua pré-candidatura à Presidência da República pelo partido desde novembro do ano passado, trocou de legenda no final de março deste ano e, no União Brasil, não conseguiu viabilizar seu projeto nacional. Ao justificar a troca, o ex-juiz federal alegava que buscou uma maior estrutura partidária para seguir seu projeto, mas sempre deixava no ar que havia “questões internas” que preferia não revelar.

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“Eu tenho uma série de queixas que poderia fazer, mas acho que não é apropriado”, disse em entrevista à Gazeta do Povo, em junho. Nesta sexta-feira (26) a Veja revelou (e o candidato confirmou) o principal motivo da saída de Moro do Podemos: a conclusão de uma auditoria externa que apontou indícios de corrupção no partido.

A reportagem de Veja teve acesso ao relatório da auditoria, realizada por um escritório do compliance contratado a pedido de Moro, que apurou indícios de captação ilegal de recursos e enriquecimento ilícito envolvendo membros da cúpula do partido.

“Os auditores não fazem acusação direta a ninguém, mas listam operações estranhas e certas coincidências, como a de uma funcionária do partido que montou uma empresa de transportes e, logo na sequência assinou contrato milionário com uma prefeitura da base eleitoral da presidente nacional do partido, deputada Renata Abreu”, relata a Veja. Segundo a revista, a auditoria foi exigida por Moro depois que o ex-juiz ouviu testemunhos de membros do partido que já tinham conhecimento dos casos.

Segundo eles, dirigentes do partido teriam enriquecido a partir de irregularidades que envolvem a criação de empresas que prestam serviços na área de saúde, reciclagem de lixo e transportes. Havia, também, a denúncia de rachadinha partidária para a indicação de membros do partido a cargos públicos em administrações do Podemos ou de aliados. Confrontado pela reportagem da revista, que lhe informou ter posse do relatório da auditoria, Moro confirmou ter sido esse o principal motivo de sua saída do Podemos.

À coluna, o ex-juiz disse, através da assessoria de imprensa, que não faria mais comentários sobre o caso e que sua resposta oficial é a mesma que deu à revista: “Quando estava no Podemos tomei conhecimento de algumas situações suspeitas envolvendo casos de corrupção e, em razão disso, solicitei a contratação de uma auditoria externa como condição para continuar filiado ao partido. O resultado preliminar indicou a necessidade de aprofundamento, em face de sólidos indícios. O assunto era de conhecimento da alta direção do Podemos e de lideranças como o Senador Álvaro Dias, que decidiram não tomar qualquer medida após o resultado preliminar. Essa é a principal razão que me levou a sair do partido”. Questionado se denunciou o caso aos órgãos de investigação, como Ministério Público ou Polícia Federal, Moro respondeu, também através da assessoria de imprensa, que “essa pergunta tem que ser feita à cúpula política do partido”.

Em nota, a assessoria de Alvaro Dias - que também é candidato ao Senado, sendo concorrente de Sergio Moro - comentou que: “o Senador Alvaro Dias não é da direção partidária, não tem conhecimento sobre a auditoria feita. Quem pode comentar é a Presidente Renata Abreu. Ele confia nos esclarecimentos que ela possa fazer".

A coluna não consegui contato com Renata Abreu e nem com a cúpula do Podemos - mas o espaço segue aberto às considerações de ambos. À Veja, o Podemos não comentou a auditoria, limitando-se a dizer “ser a primeira do país a ter um sistema de compliance”.

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