O ex-presidente da República Michel Temer (MDB) comentou, nesta quarta-feira (3), em Curitiba, o lançamento da pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) ao Palácio do Planalto. Para o ex-presidente, Tebet está entre os poucos pré-candidatos que se apresentam realmente dispostos a discutir a formação da chamada “terceira via” para a disputa presidencial contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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“Já temos a pré-candidata, a senadora Simone Tebet: muito disposta a encarnar a chamada terceira via. O que estou percebendo é que todos os pré-candidatos estão, na verdade, candidatos. Confesso que há quatro meses tinha convicção de que os partidos lançariam pré-candidaturas, mas, logo depois, se reuniriam numa única candidatura. Hoje percebo que todos eles são candidatos e, assim, essa terceira via não fica com uma candidatura só”, disse Temer. “Então, a chamada terceira via pode pulverizar os votos, se tivermos quatro ou cinco candidaturas. O MDB está colocando seu nome, lançando a sua pré-candidata, para verificar como será a sequência disso. Mas as decisões virão no ano que vem”, acrescentou.
O ex-presidente, que esteve em Curitiba para receber a medalha da comenda da Ordem da Luz dos Pinhais da Prefeitura da capital, criticou a antecipação do debate eleitoral. “Este ano era um ano próprio para combater em definitivo a pandemia e recuperar a economia. A miserabilidade absoluta que atinge o país deveria ser o foco de todos no momento”, disse. Neste sentido, Temer defendeu a possibilidade de que o atual governo fure o teto de gastos, estabelecido por sua gestão na Presidência da República. “Implementamos uma coisa óbvia para limitar o gasto ao que se arrecada, mas previmos - além da responsabilidade fiscal -, a responsabilidade social, permitindo que o teto deixe de ser observado em casos de calamidade pública ou comoção interna, permitindo o acesso a créditos extraordinários. E nós vivemos numa situação de calamidade, seja com a pandemia, seja no prolongamento das consequências dessa pandemia com o aumento da miséria. E, para tanto, a própria emenda do teto de gastos tem uma saída, que são os créditos extraordinários”, argumentou.
Michel Temer ainda propôs a criação de um fundo com parte dos dividendos que o governo recebe por ser acionista da Petrobras como solução para a contenção do preço dos combustíveis quando houver oscilação no mercado.
Alvo da Lava Jato, quando chegou a ser preso por determinação do juiz federal Marcelo Bretas, Temer evitou comentar a pré-candidatura de Sergio Moro à presidência: “Eu não tenho opinião sobre a candidatura dele. Ele tem direito a se lançar e é mais um nome que vem à baila para avaliação do eleitorado. Neste sentido, quanto mais opções houver, melhor para o eleitorado”, resumiu.
Sobre os recentes revezes enfrentados pela Lava Jato em instâncias superiores do Judiciário, o ex-presidente, que disse ter sido sequestrado pela operação quando foi preso preventivamente em 2019, minimizou a importância da força-tarefa. “O povo precisa começar a aprender a ler um pouco mais a Constituição. E, se começar a ler, vai aprender que o combate à improbidade não deriva de uma pessoa física ou um movimento. É uma obrigação de toda e qualquer autoridade. Então, não é a eliminação de uma ou outra pessoa física que determina que ‘agora não haverá combate à corrupção’. Ela é determinação da Constituição”.
O ex-presidente, que não quis deixar nenhum conselho ao presidente Jair Bolsonaro, “não é minha função, só dou pitaco quando ele me pede”, disse que o Brasil precisa encarar o momento econômico com otimismo. “Otimismo gera gestos positivos, pessimismo gera gestos negativos. Temos que ser otimistas, ter absoluta convicção de que o Brasil tem potencial de recuperação. Então, otimismo tem que ser a palavra”.
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