• Carregando...
Cauim na Copa?
| Foto:

Há quem tenha imaginado a cena: fila de embarque junto à arca de Noé. E o mar subindo. Entre os convidados, um brasileiro. No aguardo da chamada, não se contém:

– Essa coisa não vai dar certo…

Com certeza, ouve de alguém próximo.

Mal comparando, é o que temos hoje.Véspera do dilúvio verbal. Enquanto junho não chega, corre à solta o que já chamam de campeonato das desgraças, com os mais variados prognósticos e apostas de “torcedores”. É o time do nada vai dar certo. Na falta de outras, a próxima catástrofe a ser anunciada, consta, será a falta de cerveja na Copa. Questão de segurança nacional. Aí, o jeito vai ser apelar para o cauim, bebida dos índios tupis. E sem gelo.

O máximo do terrorismo

Falaram e falam que não vai ter hospedagem para os turistas e que os gramados não ficarão prontos. Além da falta de meliantes em número suficiente para assaltar estrangeiros à luz do dia. Daí ter pintado (não pichação) a coisa da cerveja. Apesar de todo o investimento (e patrocínios) que se vê por aí. Transbordantes e festivos.

Na questão da “bem gelada”, professor Afronsius, com o devido endosso de Natureza Morta e Beronha, quase redigiu um requerimento ao comitê organizador da Fifa. Vamos voltar a velhas copas e copos, homenageando nossos primeiros habitantes – retomando e tomando cauim.

Diante do espanto de Beronha, tratou de explicar:

– Cauim é uma bebida tradicional dos povos indígenas desde tempos pré-colombianos. Feita mediante a fermentação da mandioca ou do milho. Revela a História (com H maiúsculo) que a matéria-prima era mastigada – isso mesmo, mastigada – e expelida num caldeirão. Ato seguinte, recozida para a fermentação, de forma que enzimas presentes na saliva pudessem quebrar o amido em açúcares fermentáveis. Tal receita também era originalmente usada no Japão, na produção de saquê.

Vinho? Índio quer cauim

Típica da cultura dos tupinambás, que habitavam ao longo da costa do Brasil, a beberagem era igualmente consumida por outras tribos. Quando Pedro Álvares Cabral pintou no pedaço, o escrivão Pero Vaz de Caminha registrou que os índios, recuperando-se dos efeitos do choque cultural, passaram a recusar o vinho trazido pelos ditos civilizados. Preferiam o cauim, mais suave e semelhante ao leite azedo.

Assim sendo, no caso de falta de cerveja, a ordem é recorrer ao cauim. Questão de coerência e autenticidade.

E que o toss, antes das partidas, nos seja favorável.

ENQUANTO ISSO…

27 abril (1)

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]