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Depois do bambolê
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Atento cidadão do tempo do bambolê e do Fusca 66, o professor Afronsius, vizinho da mansão da Vila Piroquinha, aproximou-se da cerca viva para um dedo de prosa com Natureza Morta. Preocupado.
– Que te aflige? – indagou o solitário da Vila Piroquinha.
– Os novos tempos que se anunciam.
Beronha, que chegava para serrar uma bóia, não fazia a menor ideia do que seria bambolê. Fusca 66, esse sim.
– Era chamado de…
Sob o olhar severo de Natureza, faz breve pausa e prossegue:
– Era chamado de… como direi? Ah, bumbum! Todo mundo tinha!

Coisa antiga

Retomando as rédeas da conversa, Natureza explicou ao amigo que bambolê surgiu como moda nos Estados Unidos em 1958. Para fortuna de Arthur Melin e Richard Knerr, proprietários de uma fábrica de brinquedos. Na Austrália, a dupla viu um grupo de jovens fazendo exercícios com aros de bambu, que orbitavam na altura da cintura.
Na verdade, acrescentou, o bambolê foi criado no Egito, há três mil anos. Era feito com fios secos de parreira. Crianças imitavam com os bambolês as artistas que dançavam com aros em torno do corpo.

Era do plástico

O inevitável. Veio o bambolê de plástico. Sucesso no Brasil.
– A gente não ia falar de outra coisa? – brecou Natureza, para a necessária correção de rumo.
O professor Afronsius, então, disse ter lido na CartaCapital um texto de Tão Gomes. O título: o que virá depois da internet?
Para ele, como Afronsius suspeitava, informações online já transbordaram, são excessivas e causam desconforto em quem lê. Daí a pergunta: o que nos aguarda na próxima geração?
Tão Gomes informa que a Editora Record está lançando “Os Imperfeccionistas”. O livro, como diz, trata de um assunto ultra-contemporâneo, a internet. E anuncia, “com todas as letras: o mundo deve se preparar para uma nova era – a dos desconectados”.
– Uau! Eu já sou um deles, famoso, e não sabia! – comemorou nosso anti-herói de plantão.
O professor Afronsius pede licença a Natureza e ao Beronha e anuncia:
– Continua amanhã. Na mesma cerca (viva) e no mesmo horário.

ENQUANTO ISSO…


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