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A programação era ampla e variada, mas o frio e uma garoa incrivelmente fina atrapalharam os planos de muita gente em Curitiba.
Beronha, por exemplo, foi pescar no sábado; ele, o Rosbife, o Carlão dr. Spock e outros amigos.
– Amanhecemos na barranca do rio, mas cadê coragem para sair do carro e enfrentar o ar polar? – alegou nosso anti-herói de plantão para justificar a brevíssima pescaria. Tomaram a “adega” que tinham levado (“Não se deve jogar fora aquilo que foi feito para beber”…) e empreenderam o retorno.
No Bar VIP da Vila Piroquinha, para outros amigos, surpresos com a pescaria-relâmpago, Beronha botou a culpa no Rosbife:
– A mula esqueceu de levar a massinha para pegar lambari e o samburá.

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A respeito de engodos

Já o professor Afronsius e Natureza Morta aproveitaram o feriadão para botar a leitura em dia. O primeiro fez mil elogios ao livro “A Abertura para o Mundo (1889-1930)”, de Lilia Moritz Schwarcz (org.), Objetiva, 344 páginas.
Coincidência. O segundo, Natureza, disse ter lido uma resenha da obra na edição de agosto da CartaCapital, texto de Rosane Pavam, com o título “O engodo da civilização”.
“Diante das maravilhas deste Rio que se jactava de uma belle époque à moda de Paris (…) Euclides da Cunha agia como desconstrutor da falsa realidade de uma belle époque a mimetizar Paris, como na escadaria de Ferrez”…
Para chegar lá, Rosane Pavam recorda que, em 1902, “os pedreiros batucaram preocupados os alicerces da avenida Central, no Rio de Janeiro”. O presidente Rodrigues Alves (…) lhes impusera “um desenho de beleza europeia meio complicado de fazer”.
Depois de “dois anos bem erguidos, o novo urbanismo tinia aos olhos dos passantes. Deu tudo certo, ou quase tudo certo. Durante o processo de construção da avenida, o único prédio que desabou por erro de cálculo foi o do Clube de Engenharia”.
Em 1912, “o fidalgo alemão Alexander von Papen ouviu a história do clube dos engenheiros e se matou de rir…”

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Uma civilização de empréstimo

O professor Afronsius e Natureza continuaram a leitura de trechos do artigo, que sapeca o “caráter falso da modernidade republicana”…
“1889-1930 – o sonho de modernidade ensaia passos trôpegos, muitas vezes amargamente humorísticos, rumo ao golpe das ilusões democráticas”.
Euclides da Cunha: “Vivemos num ambiente completamente fictício de uma civilização de empréstimo”.
Afinal, “os brasileiros não eram aquilo que os belos olhos da elite reclamavam ver”.

ENQUANTO ISSO...