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Joaquim de encher os olhos
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Ao recomendar “Joaquim – Dalton Trevisan (en)contra o paranismo”, livro do jornalista Luiz Claudio Soares de Oliveira, Natureza Morta despertou interesse. Não de Beronha, é claro, mas de leitores.
Vai daí que o solitário da Vila Piroquinha pediu vênia para voltar ao tema DT e à dissertação de Mestrado de Luiz Claudio (Letras/UFPR), abordando a revista Joaquim, trabalho que resultou no livro da Travessa dos Editores, lançado em 2009.
Como já foi dito aqui, a revista circulou em Curitiba entre abril de 1946 e dezembro de 1948. Desapareceu ao completar o 21.° número.

Início feroz

Para se ter ideia da linha editorial de Joaquim, basta ver “as polêmicas nacionais”. Dalton não poupava nem Monteiro Lobato. O autor de “Urupês” é criticado naquilo que o jovem Vampiro também criticava nos paranistas, ou seja, “de o autor dar mais atenção às paisagens do que aos homens e de usar artificialismos quando pretende descrever os seres humanos”.
Beronha quer saber qual era a bronca com a torcida do Paraná Clube. Natureza, do alto de seu Himalaia de paciência, explica que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
E prossegue com o livro de Luiz Claudio, que destaca outra afirmação de DT: “O sr. Monteiro Lobato, ainda em vida, é um autor póstumo”.

Traição ampla, geral e irrestrita

Em outra carga contra Lobato, DT afirma que o escritor “é um Cornélio Pires passado a limpo”. Mais: apontado como o maior escritor vivo do Brasil, ML “representa embora, hoje, no Brasil, o tipo mais sórdido de escritor: o do que traiu. A traição foi a si mesmo, aos outros e a seu tempo”.
Depois de citar Wilson Martins, que prestou depoimento para o trabalho, Luiz Cláudio ressalta que o que se busca com a revista era “a participação do artista mais próximo à realidade, mais próximo do homem e mais próximo de seu tempo”.
Saindo da Segunda Guerra, “o mundo precisava ser repensado e reconstruído. E Joaquim ajudava a, principalmente, se repensar o mundo”.

Paranismo em xeque

Ainda do livro: “O Paranismo, combatido pela Joaquim, resiste, pois sempre vai parecer interessante para um grupo heterogêneo como o paranaense, buscar uma identidade que realmente exista, que seja forjada, ou ainda adotada, que a explique. E o Estado continua suas transformações recebendo grupos de imigrantes que enriquecem a diversidade cultural já existente. A diferença é que, depois de Joaquim, a adoção dessa suposta identidade não se tornou, ou não deveria mais se tornar obrigatória para os artistas e a porta artística aberta pela revista de Dalton Trevisan, se não está escancarada como na década de 1940, está, pelo menos, entreaberta”.

Coleção completa

Em 2001, a Imprensa Oficial do Estado do Paraná, então dirigida por Miguel Sanches Neto, lançou a edição fac-similar de todos os 21 números da Joaquim, dentro da Coleção Brasil Diferente.
Será que ainda é possível encontrar uma edição na Imprensa Oficial? Será que não caberia uma segunda reimpressão?
É, porque Natureza não abre mão da sua…
– Nem a pau, Juvenal!

ENQUANTO ISSO…


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