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Depois das grandes mancadas no cinema – caso dos soldados romanos usando tênis, em Spartacus -, dá para citar trapalhadas no teatro. Uma delas, conforme a Seção Achados&Perdidos, exclusiva do blog, ocorreu com o ator Cláudio Corrêa e Castro, que foi, inclusive, superintendente do Teatro Guaíra.

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Em 1968, Cláudio encenava Galileu Galilei, peça de Bertolt Brecht, no Teatro Oficina, São Paulo, com direção de José Celso Martinez Corrêa. Tremendo sucesso – tanto pelo texto, pela coragem da encenação naquele período plúmbeo e pelo talento do ator.

Depois da estreia, ele contou que tinha passado maus pedaços no momento em que Galileu, acuado pela Inquisição, toma um porre. De vinho, é claro. Acontece que o contra-regra, talvez um novato ou, quem sabe, algum agente da repressão infiltrado (tudo era possível), exagerou na produção do vinho. Era pra ser de mentirinha, apenas com a cor de vinho (tinto de sangue), mas a mistura abrigou muito açúcar.

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Resultado: depois de alguns goles, Cláudio/Galileu, cambaleante, teria de pronunciar um de seus famosos discursos/desabafo, mas como falar patinando na gosma provocada pelo líquido excessivamente açucarado?

Macaco velho, deu um tempo andando no palco de um lado para outro, até recuperar plenamente o domínio da voz. Ninguém percebeu o incidente.

Calorosos aplausos em cena aberta quando Galileu promete não perpetrar mais heresias, ou seja, não defender o sistema heliocêntrico, de Copérnico, segundo o qual era a Terra que girava em torno do Sol. Vigorava então o sistema ptolomaico: o Sol é que girava em torno da Terra, que era fixa. Galileu promete se curvar à Inquisição, mas murmura:

– E, no entanto, ela se move.

Aplausos e vivas também ao descer o pano.

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Quanto ao vinho de mentirinha, na falta do mordomo sobrou para o contra-regra, por supuesto.

ENQUANTO ISSO…