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Sobre limpeza e faxinas
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Nas proximidades da mansão da Vila Piroquinha existe um bosque. Um frondoso bosque, como prefere Natureza Morta. Nessa época, talvez pelas mudanças climáticas, que, infelizmente, parecem não acontecer quando se trata de seres humanos, as folhas despencam em grande quantidade. E de maneira ininterrupta. Às vezes, conforme a força do vento, elas lembram pequenas cascatas vegetais.
– Cascatas vegetais? O chefe amanheceu hoje inspirado, da pá virada – pensou Beronha.
E, pacientemente, o cidadão encarregado da limpeza pública recolhe as folhas. Sabendo que é um triunfo provisório. Há muitas e muitas outras, miríades, na fila de espera para ir repousar no solo.

Passando a perna

Logo depois, o solitário da Vila Piroquinha ficou sabendo que quatro homens aplicavam o golpe da limpeza em Curitiba. Com roupas parecidas com as de funcionários, passaram a perna em moradores, obtendo doações – alimentos e dinheiro. E também deram uma rasteira nos trabalhadores, já que estes ficaram sem os presentes de Natal dos moradores, um gesto dos mais tradicionais.
E, como coisa ruim sempre vem acompanhada, Natureza soube também que as investigações na Câmara Municipal, para outro tipo de limpeza, igualmente urgente e necessário, continuam patinando. Há meses.
Vieram à sua mente três frases. De Luis Fernando Verissimo:
– Brasil: esse estranho país de corruptos sem corruptores.
De Montesquieu:
– A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios.
Do Barão de Itararé:
– O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.
E voltou a observar o catador de folhas, que se mantém impassível e metódico para concluir uma tarefa que poucos aceitam e muitos consideram perda de tempo.

ENQUANTO ISSO…


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