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Vamos supor que o franzino cineasta americano, acometido por alguns instantes de insanidade, resolvesse embolsar os milhões de dólares oferecidos pelo governo do Rio para dirigir seu novo longa na cidade maravilhosa.

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Ele se encastelaria no hotel Copacabana e apareceria na janela da suíte presidencial por não mais do que cinco segundos, o suficiente para a imprensa chamá-lo de arrogante, uma vez que a visita a uma favela, a uma escola de samba, a uma UPP e ao programa da Fátima Bernardes seriam todas rejeitadas.

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O programa Pânico daria um jeito de infiltrar um ator disfarçado de Mia Farrow no set de filmagens para constranger a esposa de Allen, Soon Yi.

Rafinha Bastos faria 38942 piadas sobre Woody Allen usando ele próprio, Rafinha, como referência.

O CQC faria aquelas incursões sem graça no set de filmagem para tentar entregar um óculos do programa para Woody.

Silvio e Vesgo começariam uma campanha para entregar uma sandália de 2 metros de comprimento para que o cineasta americano a calçasse, apenas para “demonstrar humildade”.

Sites engraçadões transformariam Woody Allen em meme – com montagens fotográficas pra lá de engraçadas.

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Bruno Mazzeo diria em entrevista a um site de fofoca que “pessoas inteligentes não assistem Woody Allen”.

Datena viria a público dizendo “esse cara é um safado, comeu a própria filha, não tem que ficar dando moral para o gringo, não. Pena de morte para o ateu”.

Em contrapartida pelo dinheiro recebido, Woody Allen teria de jantar com o governador do Rio, o prefeito, algum político membro de milícia e, de quebra, convidados especiais como Adriane Galisteu, Luciana Gimenez, Ronaldo e Luciano Huck.

Jornalistas hipsters diriam “chato esse Woody Allen. Bom mesmo é o Didi e o Seu Madruga”.

Selton Mello, Wagner Moura e Rodrigo Santoro seriam vistos nas filmagens com calças brancas e camisas listradas tocando violão para uma mulher com um arranjo de frutas na cabeça.

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O Manhattan Connection transmitiria os programas ao vivo, em frente ao Copacabana Palace.

A Mulher-Maçã diria que esse nome é uma homenagem a Nova York, porque é muito fã de Allen.

Woody Allen recusaria o convite para conhecer o Cristo Redentor por entender que uma estátua daquele tamanho de Jesus Cristo não faz o menor sentido para ele.

A equipe de produtores teria todos os seus aparelhos de filmagem sequestrados. A polícia encontraria os ladrões horas mais tarde e os entregaria ao IML com buracos de bala na nuca, dizendo que “os bandidos reagiram e houve tiroteio”.

Os mosquitos da dengue pegariam Allen durante o ensaio de cena em Ipanema e o cineasta teria de ser internado às pressas em Nova York. Dali em diante, todas as imagens do filme seriam em cromaquí.

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Allen ficaria temporariamente cego durante a edição do filme, conseguindo assim a maior obra-prima de sua carreira, sendo premiado em Cannes e Berlim, e recebendo o Oscar de melhor Roteiro.

FIM

On The Road

Devo encarar OITO horas de estrada essa noite, sujeito a buracos nas pistas, pedágios exorbitantes e motoristas de caminhão açougueiros da estrada. Quando voltar, conto como foi.
Benett