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Ah, as famosas listinhas… No caso da edição brasileira da revista Rolling Stone, uma listona dessa idade com os 100 maiores artistas da Música Brasileira e breve apresentação dos escolhidos por uma comissão de 70 jornalistas dos quatro costados.

Oito páginas de material. O destaque da capa é Gilberto Gil em delicioso ensaio sobre a fantástica fábrica musical ex-super-homem da Cultura agora de volta ao habitat natural: a música.

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Tá, a lista da Rolling Stone. E o primeiro lugar vai para…. Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. O segundo posto é ocupado pelo genial João Gilberto. Pela lógica, o terceiro lugar pertenceria a Vinicius de Moraes? Não! O poetinha – que junto a Tom e João formam a santíssima trindade da Bossa Nova – aparece em 18ª colocação e o posto fica com Chico Buarque de Hollanda. E xeque-mate!

Na velô da dicção tchu-tchu de Carmem Miranda – na 35ª posição do ranking – ele, Caetano Emanuel, o Veloso, que passeia por todos os movimentos e não quebra telhas e nem louças está em quarta colocação. Gilberto, co-mentor da Tropicália – aparece na décima.

Robertão, que cafunga e beija rosas e as arremessas na platéia, comparece em sexto lugar, precedido por Jorge Ben Jor e sucedido por Noel Rosa, seguido por Cartola – esse sabe que o que fazer com as rosas – e Tim Maia que está no céu. De boas intenções, alguns lugares estão cheios assim como o texto de apresentação tão ginasial. Um primor!

A listona contempla artistas importantes, de fato. Na seleção da Rolling Stones há espaço para, vejam bem, Odair José e Dj Marlboro (o centésimo). Uia! As justificativas: o primeiro, através do cancioneiro brega, tornou-se cult; o segundo por dar forma, coerência e visibilidade ao funk carioca. Então, tá!

Se for por aí, Chitãozinho e Xoxoró deveriam estar na lista por serem os precursores da fusão dos universos caipira, sertanejo amexicanizado e pop romântico meloso cheio de trinados. Bem como Luiz Caldas, o arquiteto da axé-music, representada na lista por Daniela Mercury. Né?

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A revista não informou o critério de escolha dos músicos. E ponto final. Ah, pára com isso! A metodologia é importante, sim senhor, por mais que a lista resulte em pequenos equívocos.

Pequenos,vírgula, dois pontos: cadê Elomar, Francis Hime, Donga, Gonzaguinha, Luiz Tatit, José Miguel Wisnik e Edson Cordeiro, contratenor que embola pop com canto operístico? Hum…

CADÊ A MULHERADA, HEIN? – Somos o país das cantoras, certo? Vai falar que não? Na lista dos 100 maiores, apenas 16 intérpretes femininas foram citadas. Quem abre alas é Elis Regina (14º lugar) e, na seqüência, Rita Lee. Maria Bethânia dá prosseguimento pouco mais adiante.

Marisa Monte foi a 43ª selecionada e ganhou texto afirmando ser ela a formadora de uma geração inteira de cantoras. Interpretando isso ao pé da letra, as demais cantoras não passam de papéis carbonos.

Não é por aí! Trabalhos distintos fazem Adriana Calcanhotto, Ana Carolina, Maria Rita, Bebel Gilberto, Céu e Mônica Salmaso, algumas das excluídas. Cássia Eller foi incluída. Nora Ney não. Marina Lima sim. Ro Ro, não.

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Nara Leão, Clara Nunes, Elizeth Cardoso, Maysa, Dolores Duran e Aracy de Almeida estão entre as veteranas lembradas. Os julgadores padecem de memória. Onde estão Clementina de Jesus (voz carregada de corimás, jongos, lundus, pontos religiosos e samba de gente da antiga), Dalva de Oliveira?

O quer fizeram com Elza Soares, Celly Campelo, as irmãs Linda e Dirce Batista, Leny Andrade (considerada “the first brazilian jazz singer”), Zizi Possi, Ângela Ro Ro e – gente, olha quem ficou de fora – Nana Caymmi? Na lista está Otília Amorim (!), atriz, cantora bailarina, uma das preferidas de Mário de Andrade. Chiquinha Gonzaga, necas de pitibiriba. Alaíde Costa, nem tchuns

A lista da Rolling Stone carece de alguns ajustes e justiças. Se não tiverem questionamentos as listas não passam de mero amontoado de nomes. Certo?

PERGUNTINHA: QUEM EM SUA OPINIÃO SÃO OS MAIORES ARTISTAS DA MÚSICA BRASILEIRA?

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A LISTA