Ainda não sabemos com certeza quem foi o autor do crime do Morro do Boi, que aconteceu há exatos seis meses no Litoral do Paraná. O único fato inquestionável é que a polícia errou. Se Juarez Ferreira Pinto for considerado culpado, deve-se procurar os responsáveis dentro da polícia do Paraná que torturaram um inocente para que confessasse um assassinato que não cometeu.

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Além disso, precisaríamos rever todos os métodos empregados atualmente por quem deveria manter a ordem. Não seria somente a confissão armada que deve ser investigada: houve um roubo seguido de estupro em Betaras, motivo que levou Paulo Unfried para a cadeia. O Ministério Público, que considera o crime do Morro do Boi esclarecido, diz que não há indícios “da autoria” de Unfried e por isso pediu o relaxamento de prisão. No mínimo teríamos que supor que também houve fabricação de provas.

Mas consideremos que Unfried, solto na sexta-feira, foi o autor dos disparos que matou o estudante Osires Del Corso. Ele tem a arma que comprovadamente foi usada. E não nega isso. Então a polícia errou e “forçou” o indiciamento de Juarez. A única prova contra este, segundo as notícias divulgadas até agora, é o testemunho da vítima, a estudante Monik Pegorari. Ao que tudo indica, isso é tudo o que dá a certeza que apregoam o MP e a Polícia Civil. O cobertor encurtou. Não importa o desdobramento, o pé ficará descoberto.

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Acrescente a isso parte da imprensa que procura dar respostas sem tê-las. Quando Unfried foi preso, tascou-se nas manchetes que o “verdadeiro monstro” teria sido capturado. Na sequência, veio uma leva de pautas tentando justificar um possível engano no reconhecimento de Monik. Virou duplamente vítima. Não é ela quem deve explicar o caso, mas sim as provas, as investigações e a Justiça. A família dela agora promete processar os veículos envolvidos na “campanha para criar uma reviravolta no caso”.

Todos esses imbróglios ficaram latentes porque o crime do Morro do Boi teve repercussão nacional. Fico com medo ao tentar fazer uma relação com os mais de 20 crimes contra a vida que acontecem em Curitiba diariamente e quanta patuscada a polícia pode estar produzindo, o que deve explicar o baixo índice de resolução destes casos.