Que a indústria dos videogames já é a maior de to­­das é notícia velha. Os leitores devem estar cansados de ler textos abrindo com números que provam que os ga­­mes vendem mais que o cinema, música, quadrinhos e etc. Já deu. Um fenômeno pouco observado, entretanto, é que, além da consolidação financeira, há uma me­­lhora significativamente ano a ano no quesito qualidade. Des­­de que esta coluna começou a ser publicada, em 2009, a lista com os melhores do ano sempre dá um passo à frente neste aspecto. E em 2011 não foi diferente. Um ano em que os jogos exclusivos não fo­­ram os maiores destaques. Um ano em que os independentes mos­­traram mais uma vez que não é preciso desembolsar muito para ter uma experiência digna de nota.

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Os jogos que aparecerão nas próximas linhas não foram escolhidos apenas por este colunista. Eles também são os que mais têm se destacado nas premiações de veículos especializados. Serve co­­mo referência para quem quiser aproveitar o verão para curtir uma jogatina. Quem precisa de praia?

A única unanimidade deste ano ficou para The Elder Scrools V: Skyrim, um RPG viciante de­­senvolvido pela Bethesda (aquela que fez um dos maiores jogos desta geração, Fallout 3) para todas as plataformas, com exceção do Wii. Skyrim, como foi escrito neste es­­paço em novembro, “é um gigantesco livro em branco que vai sendo escrito conforme as ações escolhidas pelo jogador. Quase tudo o que se faz lá tem consequências”. Em cerca de dois meses vendeu 10 milhões de cópias. Sucesso de crítica e público.

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Na mesma linha, mas com o maior nível de dificuldade entre os jogos atuais, Dark Souls roubou a cena. Sucessor direto do De­­mons´s Souls, lançado em 2010, o jogo da produtora From Software caminha no sentido oposto ao da indústria, que está cada vez mais fechando os caminhos da história para transformar os jogos num roteiro hollywoodiano. Não é difícil um jogador chegar ao fim de Dark Souls sem ter ideia da história contada. Ousa como narrativa e alto desafio. Nada mais justo que aparecer na lista dos melhores.

Na categoria aventura as se­­quên­cias dominaram. Batman Ar­­kham City ganhou elogios ao tirar o cavaleiro das trevas de dentro do asilo de Arkham para jogá-lo no meio de um gueto infestado de ini­­migos conhecidos. Mas esta série de Batman não é sobre história e personagens, como muitos fazem acreditar, mas sim num sistema de combate envolvente, com uma grande variedade de movimentos que fazem o jogador se sentir um verdadeiro super-herói. Unchar­ted 3: Drake’s De­­cep­­tion, um dos poucos exclusivos desta lista, ajudou o Play­­station 3 a se recuperar nas vendas e encostar no principal rival, o Xbox 360. Nada de muito novo apareceu por aqui. A Naugh­ty Dog continua apostando em ima­­gens estonteantes na sua versão masculina de Lara Croft. Na mesma categoria ainda tiveram espaço Assassin’s Creed: Revela­tions e Deus EX Human Revolu­tion.

Ah, os números. Quando os jogos a seguir aparecem estão sempre acompanhados com as palavras “recorde” e “vendas”. A crítica se divide entre os jogos de tiro. Call of Duty Modern Warfare 3 é o campeão em vendas. Não só isso, é o jogo da geração que reúne mais ação por quadros por segundos e tem um dos melhores modos on-line. Faz concorrência direta com Battlefield 3, também entre os melhores. Correm por fora, sem ser menos interessantes, Killzone 3 e Gears of War 3. Não duvide que na lista de 2012 os mesmos títulos apareçam, mas com o número “4” no final do nome, mesmo os produtores afirmando que as trilogias acabaram.

Todos os títulos citados acima têm algo em comum: não saíram para o Wii, que teve um ano com muitos percalços. A salvação da pátria ficou a cargo de Zelda Sky­ward Sword, jogo que melhor uso fez do sensor de movimento do Wii Mote. Em 2012 a situação não deve mudar para o console, já que está prevista a chegada do sucessor Wii U. Hora de guardar o videogame na caixa.

A cereja do bolo, no entanto, foram os jogos independentes, aqueles que o leitor pode comprar por menos de R$ 10 nos principais canais de distribuição on-line, como Steam, Xbox Live ou PSN Store. O mais citado nas listas dos independentes foi Bastion, que misturou uma bela forma de contar uma história sem interromper a ação. Minecraft parece que foi lançado há mais de ano pela quantidade de notícias divulgadas e material produzido (dá para fazer até filmes com ele!). Certamente é o que terá mais sucesso comercial nesta categoria, pois fez um sucesso monstro quando ainda era beta e já figura na lista dos mais vendidos. Na mesma linha, From Dust e Frozen Synapse mostraram que com muito pouco pode se fazer um grande jogo. O mais intrigante desta categoria é Binding of Isaac, com teor iconoclasta que mistura religião, repressão sexual e mais algumas loucuras visuais. Foi pouco divulgado, mas tem tudo para crescer com o tempo, assim como aconteceu em ano anterior com Limbo.

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Agora se este colunista tivesse o direito de eleger o melhor entre os melhores não hesitaria em apontar Portal 2. A Valve conseguiu transformar um jogo pequeno, que foi disponibilizado como brinde em outros títulos, numa das misturas mais envolvente dos últimos anos. É um quebra-cabeça com a dinâmica de um jogo de tiro em primeira pessoa. E, acima de tudo, um produto que rompeu com seu habitat e se transformou em referência pop, em diversos filmes feitos por fãs e “memes” de internet.

O melhor de tudo é que, como poucos dos jogos que aparecem na coluna ainda não são lançamentos, dá para o leitor aproveitar as promoções de fim de ano para tirar as próprias conclusões. Lembre-se: ficar exposto ao sol dá câncer de pele.