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O título dessa coluna é inspirado no samba “Bebadosamba”, de Paulinho da Viola, que deu nome ao álbum lançado em 1996. Mas, além do título, essa coluna não tem mais nada a ver com Paulinho da Viola ou com o samba. Tem a ver com beba, do verbo beber, mas não com o samba (nada contra, adoro). É que vou falar de uma banda que tem sua história ligada à cerveja, mas uma produção mais próxima à do vinho. Entendeu? Não? Então puxa a cadeira, abre a primeira garrafa e me deixa explicar.

Por aqui, abri a minha primeira cerveja, a Labrador Iniciantes, uma pilsen, levinha, para começar os trabalhos. Sim, cerveja Labrador, “uma cerveja como você nunca ouviu”, que experimento para falar da banda Labrador, “uma banda como você nunca bebeu”, que se lança, em cerveja, EP e CD.

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As cervejas fazem parte da estratégia de lançamento do EP, que vem em um pen drive em forma de abridor de garrafa (dá para notar que tem publicitário na banda, não é?!). A primeira música é justamente “Iniciantes”, essa que estou bebendo, quer dizer, ouvindo. E tem mais três músicas e cervejas que beberei na sequência: “Logo Depois”, uma brown ale; “Nem Tudo São Flores”, uma weiss, e, por fim, “Stasis”, uma stout.

A densidade das músicas e a graduação alcoólica vão num crescendo. Essa mesma característica de crescendo e de variações espalha-se por todo o trabalho da banda formada por Allan Yokohama (Terminal Guadalupe, Poléxia e Humanish) na bateria, Lucas Borba (Terminal Guadalupe e Móbiles) na guitarra, Érico Klein, no vocal, Bruno Nogueira, na guitarra, Chico Marés, nos teclados, e Pedro Andrade no baixo. Cada faixa varia de intensidade dentro dela mesma.

Enquanto abro e provo a segunda, vamos falar um pouco sobre a banda que passeia sem temores entre a baixa e a alta fermentação. Ela surgiu em 2010. No ano seguinte, teve o single “Deserto” incluído entre os melhores do ano por alguns sites especializados em música, como o Scream and Yell. Em 2012 – e aí mais uma prova da ligação com a cerveja – venceu o Festival Kaiser Sound, e um dos prêmios foi a gravação de um disco, de onde surgiu Dia, Noite e Horas a Mais, que está finalmente prensado e vai ser lançado em breve.

Como vocês podem perceber, o EP e o CD já estão sendo preparados há um bom tempo. Daí a comparação que a produção da banda está mais para vinho do que para cerveja. Mais demorada.

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Essa brown ale, a terceira, está uma delícia. Mas acho que ainda não contei que o EP foi masterizado no mítico estúdio Abbey Road, em Londres, por Geoff Pesche, o engenheiro que já assinou trabalhos de Gorillaz, New Order, Blur, Kylie Minogue, entre muitos e muitos outros. Já o álbum teve a produção de Tomás Magno (Skank, Rappa, Nando Reis).

É difícil falar sobre o som da banda, dar uma descrição apropriada, ainda mais depois de tanta cerveja. Deixa eu tomar mais um gole, respirar fundo, hmmm. Rock-pop, cada música parece priorizar um instrumento diferente. O vocal unido ao teclado dá um tom levemente etéreo, quebrado por um baixo possante e uma bateria crua, sem firula. O sabor recende por vezes ao rock progressivo. Por momentos o buquê é inglês, talvez no dedilhado da guitarra. Porém, há um leve toque nacional, que deixa no palato um quê de frutas tropicais dos anos 1980.

Quem quiser saber como é o som, terá uma bela oportunidade amanhã, se comparecer ao Wonka (R. Trajano Reis, 326). Tem show junto com a banda Monreal.

Vamos à stout, pois a vida pede sempre mais e eu, assim como o malte, já estou ficando torrado.

Hmmmm. O fato é que “a cada passo em falso eu empurro o chão pra baixo”. E esses caras estão cada vez melhores, sensacionais, curto muito eles todos, ehh, são gente boa pra caramba. Ó, moram aqui, ó. Gente boa, ic, mas o que eu estava falando mesmo? Ah esses labradores são uns cachorros maravilhosos. O que? ic, mas não são.? ah, da banda? são também uns cachorr… quer dizer, ic, cerveja boa, da Klein, né!? Acabou? saideira? num tem? mas a banda ainda tá tocano … banda boa … ótima ideia essa … essa … de dar cerveja junto com o disco, ou é o disco junto com cerveja? Mas já acabou? … Rebebendo … quer dizer … Recomendo.

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