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Alquimia e gravidade: mais unidas do que pensávamos?
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O curso que fiz ano passado no Instituto Faraday, em Cambridge, incluiu um “Tour de História da Ciência” com uma guia especializada no tema. Conhecemos, por exemplo, o laboratório em que Watson e Crick descobriram o DNA (e o pub onde eles anunciaram o feito aos amigos pela primeira vez). Mas nosso ponto de encontro era diante de uma árvore no Trinity College. A guia nos disse que aquela era uma “descendente” de uma outra árvore bem mais famosa, aquela cujas maçãs, ao cair, inspiraram Issac Newton na formulação da lei da gravidade. O Jardim Botânico da universidade tem uma árvore, comprovadamente crescida a partir de um ramo do espécime, digamos, “original”, que está localizado em Woolsthorpe. A que vimos no Trinity College parecia bem novinha; como não sei se o ramo que lhe deu origem veio de Woolsthorpe ou da árvore do Jardim Botânico, não sei se ela é “filha” ou “neta” daquela sob cuja copa Newton se sentava. Depois do curso, passando um fim de semana em Londres, ainda pude vistar o túmulo de Newton na Abadia de Westminster.

Reprodução
Issac Newton na visão de William Blake. E não era uma visão das melhores, a julgar pelo que Blake pensava sobre as ideias e descobertas de Newton. (Imagem: Reprodução)

Acho que muitos de nós já sabíamos que, além de um físico extraordinário, Newton tinha um lado muito místico, com um interesse especial na análise de profecias bíblicas e na alquimia. Volta e meia canais como o History Channel apresentam programas sobre esse outro lado do genial cientista inglês, que tinha visões religiosas muito heterodoxas para sua época, embora não as tornasse públicas. Parece, inclusive, que ele teria escrito mais sobre religião que sobre ciência. E, no Guardian, o jornalista e astrofísico Stuart Clark afirma que essas duas dimensões da vida de Newton provavelmente estavam mais ligadas do que costumamos imaginar. “Sua crença em espíritos e no que os alquimistas chamavam de princípios ativos quase certamente permitiu que ele concebesse a gravidade na forma matemática que ainda empregamos hoje”, afirma Clark em seu blog Across the Universe.

Mas como? Clark afirma que, na época de Newton, prevalecia a noção de que os impulsos eram transmitidos pelo contato entre substâncias materiais que se tocavam. Descartes, por exemplo, postulava que um fluido permeava o espaço, permitindo o movimento dos corpos celestes. Mas, para Newton, esse modelo não funcionava. Já a alquimia defendia a existência de substâncias não materiais, e sim espirituais, que ainda assim poderiam induzir movimento ou transformações em objetos ao ativar seu “princípio ativo” (desculpem a redundância). Essas entidades espirituais poderiam, então, movimentar os corpos, cujo “princípio ativo” seria a massa. Clark diz que Newton encontrou uma equação que descrevia esse movimento ocorrendo no espaço vazio (sem a necessidade do fluido de Descartes) e usou o termo “força” em vez de “espírito”. Parece esquisito, e acho que realmente é. Mas, diz Clark, foi justamente esse lado “feiticeiro” de Newton que permitiu a ele ser bem-sucedido como cientista naquilo em que outros falharam.

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