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Criacionismo está fora das “free schools” britânicas
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Pictureworld/iStockphoto
Evolução na aula de Ciências, criacionismo na aula de religião. É o que as autoridades educacionais britânicas querem ver nas “escolas livres”.

Política e economicamente, sou contra Estado grande (e gastador). Prefiro o princípio da subsidiariedade, em que a instância superior só interfere naqueles assuntos que a instância inferior não pode ou não quer resolver. Por isso, vejo com bons olhos a proposta da “Big Society”, do primeiro-ministro inglês, David Cameron. Ele quer que as pessoas, grupos e comunidades passem a ser protagonistas da ação social, em vez do Estado. Uma das manifestações dessa proposta é a instituição de “escolas livres”, um modelo importado da Suécia: apesar de ainda financiadas pelo governo e precisarem ser aprovadas por ele, elas ficam a cargo de comunidades ou instituições, ou mesmo grupos de pais que acreditam conhecer melhor as necessidades educacionais de suas crianças.

Um efeito colateral deste sistema é que ele pode se prestar ao que alguns consideram segregação, inclusive religiosa. Um mesmo bairro poderia ter várias “escolas livres” confessionais (obviamente, se a Fundação Richard Dawkins quiser montar a sua escola, também pode fazê-lo). São consequências da livre iniciativa. No entanto, como os currículos também ficam sob responsabilidade de quem administra a escola, o British Centre for Science Education (BCSE) manifestou a preocupação de que o criacionismo fosse imposto aos alunos de algumas “escolas livres” nas aulas de Ciências.

Ontem, o Guardian informou que o Ministério da Educação britânico deixou bem claro: o criacionismo não terá lugar nas aulas de Ciências das “escolas livres”. Um grupo protestante que se inscreveu para montar uma escola para 652 crianças avisou, no começo do ano, que, embora defenda o criacionismo e vá ensiná-lo, não fará isso nas aulas de Ciências, que incluirão a evolução. Não foi suficiente para o BCSE.

Pessoalmente, acho que escolas confessionais têm todo o direito de ensinar suas crenças aos alunos, assim como, se o Dawkins quiser montar uma escola, tem todo o direito de ensinar o ateísmo; quem matricula seus filhos sabe onde está colocando suas crianças. Agora, cada coisa deve ser ensinada no seu devido lugar.

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