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Hora de conclave: Péter Erdő sobre ciência e religião
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Eu não ando arriscando quem será o próximo papa, e também não vejo tanto mérito ao acertar quando você menciona 15 ou 20 cardeais. Mas eu tenho os meus preferidos, numa listinha que vai mudando à medida que vou me informando mais sobre aqueles que escolherão o sucessor de Bento XVI. Quem anda particularmente bem na minha lista é o húngaro Péter Erdő, arcebispo de Esztergom-Budapeste e presidente da Conferência Episcopal Europeia.


O húngaro Péter Erdő vê no diálogo entre ciência e fé uma porta aberta para a evangelização. (Foto: Max Rossi/Reuters)

Erdő já foi reitor da mais antiga universidade húngara (entre 1998 e 2003; hoje, na qualidade de arcebispo, ele é o grão-chanceler); é membro da Academia Húngara de Ciências (alguém consegue traduzir?) e da Academia Europeia de Artes e Ciências. O cardeal húngaro também foi um dos responsáveis pela “peregrinação verde”, que em setembro de 2010 levou cardeais, bispos, padres e fiéis de Esztergom até o santuário austríaco de Mariazell, com parte do trajeto feito de barco pelo Danúbio, para promover a conscientização ambiental.

Na pesquisa, achei mais sobre o que Erdő é ou faz que sobre o que ele diz e escreve sobre ciência e religião. Mas uma intervenção curta que o húngaro fez no Sínodo dos Bispos de outubro de 2012 chamou a atenção de alguns sites especializados na cobertura da Igreja Católica. Segue uma tradução, e com ela encerro o post de hoje:

O número 54 do Instrumentum Laboris [documento preparatório ao Sínodo] menciona o Átrio dos Gentios. Para a evangelização é preciso partir dos fundamentos da nossa existência. De fato, nossa fé se refere à realidade, à totalidade do que existe. A visão científica atual que o mundo nos oferece traz uma perspectiva ampla. Se buscamos imaginar o universo, nossa mente se abre em direção a Deus, à sua imensa realidade. A realidade colossal de Deus, quando Ele encontra o mundo, estando tão intimamente presente nele, e ainda assim fora do espaço e do tempo, produz situações que às vezes parecem paradoxais.

As ciências naturais, a física e a astronomia nos demonstram a elasticidade e a riqueza de conceitos fundamentais como matéria e energia. Eles dão margem a questões sobre o começo e o fim do universo. Eles nos falam de energia escura e antimatéria, ideias úteis para explicar certos fenômenos básicos do universo. E há pesquisadores que estão abertos a aceitar a existência de um Deus transcendente, que não se identifica com este mesmo universo.

Quando nós, cristãos, proclamamos que esse Deus é pessoal, nos ama, nos salvou, nos convida à vida eterna e à felicidade na comunhão com Ele, não estamos formulando conclusões que derivam automaticamente do nosso conhecimento da natureza. Temos outra fonte, necessária à nossa fé: a Revelação divina, completada na pessoa de Jesus Cristo. Esse grande evento pode ser conhecido pela Tradição, transmitida pela Igreja, confirmada pelo testemunho de gerações de santos, desde os apóstolos até nossos dias. A tradição da fé ressoa como uma resposta autêntica a nossa vasta experiência e às questões sobre o universo. Estamos vivendo, portanto, em uma época de grandes oportunidades para anunciar nossa fé por meio do diálogo tanto com as ciências naturais quanto com as ciências históricas.

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