Denis Alexander recentemente deixou a direção do Instituto Faraday para Ciência e Religião, da Universidade de Cambridge. Ele esteve na Universidade de Heidelberg, na Alemanha, para o evento The Science and Religion Dialogue: Past and Future, realizado no mês passado e que reuniu uma série de pesos-pesados do tema.

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Enquanto outros palestrantes abordaram temas ligados a suas especialidades, Alexander foi um dos especialistas que tratou do diálogo entre ciência e fé e da sua difusão. Ele lembrou que as diversas iniciativas nesse campo estão em um espectro que vai da pesquisa acadêmica à difusão popular, e explicou como alguns dos projetos do Instituto Faraday (que incluem linhas de pesquisa, uma peça de teatro, congressos, livros e DVDs) se inserem dentro desse espectro. Confiram aí:

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Eu escolhi esse vídeo entre os vários outros do evento porque, apesar de o dr. Alexander não entrar nessa questão, é possível tirar uma conclusão da sua apresentação. Se vocês repararam no slide que tem o espectro e os projetos do Instituto Faraday (está entre os minutos 5’30” e 6’20”), verão que a maioria deles está mais para o lado da pesquisa acadêmica que para o da difusão popular. Podemos até imaginar que, sendo o Faraday um órgão da Universidade de Cambridge, seria natural que isso ocorresse. Mas tenho a impressão de que essa é a regra entre os que trabalham pela conciliação entre ciência e religião: parece-me que a maioria das iniciativas está realmente mais voltada à academia que ao grande público. Enquanto isso, os fundamentalistas ateus e religiosos vão na direção contrária, priorizando justamente a difusão pública dos seus princípios. Como resultado, enquanto muita gente boa nos ambientes universitários lida bem com a relação entre ciência e religião, o público segue influenciado pela visão oposta, de que ciência e fé são inimigas mortais.

Alguém poderia argumentar que, priorizando a academia, os defensores da conciliação estariam agindo junto aos formadores de opinião, que depois levariam esse conhecimento ao grande público (no jargão do ativismo, seriam “multiplicadores”). O problema, na minha opinião, é que está levando tempo demais para se fazer esse salto da academia para o público. Já existe uma produção intelectual extremamente relevante defendendo a harmonia entre ciência e fé, mas, com poucas exceções, ela é praticamente desconhecida do leitor comum. Quanto mais o salto demorar, mais difícil será consertar o estrago feito por gente como Richard Dawkins, Lawrence Krauss, Ken Ham e Harun Yahya.

E, já que coloquei um vídeo do evento, confira outros, com Simon Conway Morris, Jennifer Wiseman e John Polkinghorne. A lista completa dos vídeos está aqui.

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(Aviso: o Instituto Faraday, mencionado neste post, concedeu ao blogueiro uma bolsa para fazer um curso em Cambridge, em julho de 2011)

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