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O que a Teologia já fez pela ciência?
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A pergunta acima é o título de um artigo recente de Denis Alexander, diretor do Faraday Institute for Science and Religion do St. Edmund’s College, na Universidade de Cambridge. O objetivo é responder a uma provocação feita por Daniel Dennett em um evento realizado na universidade.

A observação inicial que Alexander faz é pertinente: a pergunta é esquisita. “É como se alguém da Geografia quisesse saber o que a Bioquímica já fez pela Geografia”, compara. Ainda assim, segundo Alexander, sim, a Teologia fez muita coisa pela ciência. Até mais que isso: de certa forma, pode-se dizer que a ciência é produto da Teologia (embora a Teologia não fosse a única fonte da ciência). Um dos pontos levantados por Alexander para justificar essa afirmação é o mesmo que Thomas Woods citou no segundo vídeo da série que estamos mostrando aqui, aos poucos: devemos à Teologia cristã a noção de que Deus criou um mundo ordenado, cujas leis naturais poderiam ser descobertas. Sem isso a base da ciência simplesmente desabaria. Alexander recorre a filósofos e cientistas como Descartes, Boyle e Newton para comprovar sua afirmação.

Gilberto Yamamoto
Para Francis Bacon, a ciência era um meio de recuperar o conhecimento perdido com o pecado original.

Também é interessante notar, diz Alexander, como o conceito da queda causada pelo pecado original contribuiu para o surgimento de uma mentalidade científica. Como o homem é falho, seria arriscado chegar à verdade sobre a natureza apenas pelo raciocínio puro, sem a ajuda do conhecimento experimental. “Isso estimulou o surgimento do método empírico porque estava claro que a única forma de obter verdades confiáveis era fazer experiências para verificar como a natureza realmente funcionava”, diz Alexander, citando o historiador da ciência Peter Harrison. Um dos que aderiu à visão de que a ciência ajudaria o homem a retomar o conhecimento que Adão tinha (mas perdeu) era Francis Bacon.

Alexander ainda menciona a visão mecanicista de filósofos e cientistas para quem o mundo e o homem eram máquinas criadas por Deus, e segue enumerando como certas visões teológicas influenciaram o trabalho de cientistas como Newton e Faraday. Por fim, o autor do artigo responde a outra pergunta: e agora, a ciência ainda precisa da Teologia ou ela pode seguir com as próprias pernas? Alexander menciona o perigo da pós-modernidade, que prega a inexistência de verdades absolutas, tanto para a religião quanto para a ciência, e demonstra que esse pensamento é daninho ao trabalho científico, no longo prazo. O que a Teologia pode fazer pela ciência num cenário desses é, no combate à filosofia pós-moderna, reforçar a convicção em um universo racional e ordenado. Ainda que os cientistas não reconheçam o autor dessa ordem e racionalidade, essa convicção dará à ciência a base de que precisa para continuar seu trabalho.

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