A telemedicina é uma das áreas que ganhou uma agilidade na implantação por conta da crise do novo coronavírus| Foto: Unsplash
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Estamos todos sendo impactados diretamente pela crise do novo coronavírus. Esse impacto se dá em maior ou em menor medida, levando-se em conta uma série de fatores. Contudo, é loucura dizer (como alguns têm argumentado), que estamos no mesmo barco, quando algumas pessoas têm perdido sua fonte de renda e não sabem como pagar o aluguel ou levar comida para casa. Mesmo assim, o fato é que o novo Coronavírus atinge a todos nós, seja em maior ou em menor nível.

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Ao longo das últimas semanas tenho refletido bastante sobre os impactos que ela vem causando. Alguns deles são muito mais óbvios do que outros. Muito mais visíveis. Os impactos na saúde e na economia, por exemplo, são de conhecimento geral (mesmo que não seja um conhecimento lá muito profundo). Nos últimos dias, tenho me dedicado a observar alguns outros impactos que, por estarmos no olho do furacão, podem não soar tão óbvios agora, mas que, nas entrelinhas, mandam mensagens muito fortes.

Pare para pensar, por exemplo, na telemedicina. É seguro dizer que já temos a tecnologia para fazer esse tipo de modalidade médica acontecer há, pelo menos, 10 anos (e estou sendo conservador nesta conta). Nos últimos meses, legisladores e conselhos de classe correram atrás para regularizar a modalidade diante da pandemia. Minha pergunta é… Será que isso não poderia ter sido feito antes? Qual era o grande impeditivo (além das burocracias e corporativismos que já conhecemos)?

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Qual era o grande impeditivo para empresas serem tão avessas a deixar que seus colaboradores tivessem horários mais flexíveis ou, em última instância, pudessem trabalhar de casa? Foi preciso o medo global sobre o novo coronavírus para que departamentos inteiros, de repente, percebessem que podiam, de fato, funcionar de forma remota? Estendo este pensamento aos tribunais. Sei de casos em que eles foram veementemente contra colaboradores prestarem seus serviços à distância. O porquê? Só eles sabem. Agora, estão tendo de aprender “na marra” a gerir funcionários, processos e resultados dessa forma.

Outro exemplo me chamou atenção esses dias: governos estaduais e o governo federal estão, pasmem, aprendendo que podem utilizar a internet (essa tecnologia tão nova...) para agilizar processos dos cidadãos. De repente, eles não precisam agendar um horário, chegar no órgão governamental às 6 da manhã e, algumas horas depois, saírem de lá frustrados por não terem conseguido resolver o que precisavam.

Todos sabemos que a crise provocada pelo momento atual é uma tragédia. Minha pequena ponta de esperança é que ela sirva, dentre outras lições importantes, para mostrar que muitos dos processos que mantemos até hoje poderiam ter sido extintos ou otimizados há décadas.

Vamos torcer para que esse aprendizado perdure.