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Esperamos terminar o feriado infinito dos chineses ficando mais um dia em Chengdu e assim evitar o domingo de volta pra casa. Pegamos um ônibus para Xi’an que durou mais ou menos 8 horas. A viagem foi tranquila, o ônibus não era maravilhoso, mas a estrada era boa e tudo deu certo. Os dias vão passando na China e a cada região diferente que chegamos, vivenciamos novas experiências, dialetos, comidas, costumes, surpresas. Quando descemos do ônibus uma única vez para fazer xixi e comer, segui as mulheres que iam para o “banheiro” que, pasmem, era como um estábulo, com divisões baixinhas de concreto, sem porta, sem nada, num lugar escuro com um buraco no meio. Quando me dei conta estavam todas abaixadas em seu “reservado” fazendo suas necessidades. Claro que não existia papel, muito menos descarga, era como se estivéssemos no meio do mato. Desafios!

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Aliás, como toquei no assunto banheiro, não posso deixar de comentar que é comum aqui que as crianças de até 2 anos mais ou menos usem calças com um buraco na região genital, o que significa que não usam fraldas e que quando precisam, apenas abaixam onde quer que estejam e fazem ali, cocô e xixi. Em seguida vem a mãe limpar o filho e as vezes o chão. Fiquei impressionada e ao mesmo tempo me perguntando como será a higiene desse povo, doenças e infecções genitais? O corpo deve se adaptar ou as mães devem ter um cuidado redobrado. Confesso que a primeira vez que vi disse pro Seba: “olha ali, a criança está com a calca rasgada!” Pobre de mim! Não só os bebês que fazem suas necessidades onde querem, mas outras crianças (só vi crianças até agora) também abaixam as calças e o banheiro está logo ali, na calçada, do outro lado da rua, na árvore… Não tive o desprazer de ver adultos fazendo da rua o banheiro, mas o que eles fazem a toda hora é cuspir e escarragar, em qualquer lugar. Grande espírito me ajude! Viva a diversidade cultural!!

Mas, vamos falar de flores? Xi’an é a legendária capital da região de Shaanxi que foi o centro político da China até o século X e onde fica o famoso Exército de Terracota. É mais bonita, mais limpa e organizada que Chengdu. Mais cidade, menos província. Moderna, mas com vestígios da antiga cidade chamada de Chang’na, com suas muralhas que permanecem intactas desde sua construção em 1370, na época da dinastia Ming, e que formam um retângulo de 14km. Vale a pena subir e alugar uma bicleta ou um carrinho de golf para percorrê-la. Em determinados horários e em portas diferentes acontecem apresentações típicas de música, dança e performance de guerreiros.

Vale ficar em Xi’an pelo menos dois dias, pois existem algumas atrações interessantes antes de ir ver os “Guerreiros”. O bairro muçulmano é um dos lugares imperdíveis, um labirinto de lojas, “açougues” e mercados de rua com todos os tipos de souvenirs e ambulantes com seus carrinhos vendendo as tradicionais comidas de rua, espetinhos, noodles, sopas, pães, “panquecas” e outras coisas que não conseguimos decifrar o que era. Ali está também a Grande Mesquita que pode ser visitada.

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Pertinho do bairro muçulmano está a Drum Tower, a Torre do Tambor e mais para frente está a Bell Tower, a Torre dos Sinos. Ambas são do século XIV, enquanto uma soava o sino para avisar o amanhecer, a outra tocava o tambor quando a noite chegava. Vale a pena vê-las ilumindas à noite. Durante o dia há diversos horários com apresentações musicais rápidas. Compre o ticket combinado que é mais barato.

Não deixe de passear pela Dayan Pagoda (Grande Pagode do Ganso), uma das mais famosas pagodas budistas da China e símbolo de Xi’an. Foi construída no ano de 652 d.C para guardar relíquias e escrituras budistas vindos da Índia. Ela está rodeada por um templo e por uma praça com árvores e fontes que ao anoitecer ficam iluminadas.

Os guerreiros e a tumba do imperador
O Exército dos Guerreiros de Terracota é, não somente o principal ponto de interesse para quem visita Xi’an, mas um dos achados arqueológicos mais famosos do mundo. Camponeses da região que cavavam um poço encontram em 1974 milhares de soldados e cavalos de terracota em tamanho natural em formação de batalha. O exército foi mandado construir pelo imperador unificador da China há mais de 2 mil anos, Quin Shi Huang, que acreditava que seu reinado prosseguiria mesmo depois da morte.

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Pegamos um ônibus na estação de trem até a cidade onde fica o exército, cerca de 1h30 de distância. Surpresa pra nós foi saber que a maioria dos soldados foram encontrados quebrados e que foram e estão sendo reconstituídos ao longo dos anos. Disse a guia que contratamos para nos acompanhar que apenas um foi encontrado intacto. Os guerreiros estão divididos em três galpões diferentes. Em um deles é possível ver três guerreiros bem de perto e observar os detalhes que são impressionantes, como que não existe uma estátua, das mais de 6 mil, igual a outra, com a mesma fisionomia. Eu e o Seba estávamos com a mesma expectativa de ver ver um exército de terracota com mais de 6 mil soldados em formação de batalha, mas não se iluda. Em cada prédio construído em para protegê-los têm alguns, que pode até chegar a mil. Você vai ver as escavações paradas e ao redor dos soldados montados, pedaços dos guerreiros destroçados. A alguns minutos dali está a tumba do imperador. Por motivos de segurança, não é possível entrar, somente ver uma montanha de terra.

Locomover-se em Xi’an é fácil e barato, tanto taxi como ônibus. Procure ficar hospedado em um hotel dentro das muralhas e que falem inglês – nossa dica é procurar algum hostel. Ficamos no Xiangzimen Youth Hostel, nada demais, um pouco barulhento, comida não muito boa, mas bem localizado, falavam inglês e nos ajudaram no que foi preciso.

Finalmente a China antiga – Pingyao
Com dois dias de sobra na nossa programação, abrimos o guia e escolhemos conhecer Pingyao, uma cidade antiga, amuralhada, e melhor conservada do país. É pequena e tem o charme das cidades antigas chinesas que imaginamos e vemos em filmes. Nada de arranha-céus, trânsito e neons. Aqui o passado parece presente. O único trânsito que existe são dos tuc tucs (taxi, meio moto meio carro) e dos carrinhos de golf que fazem o transporte das pessoas pelas ruas dentro da muralha. Ficamos duas noites em um Hostel chamado Yamen bem localizado, mas que não gostamos nada. O quarto fedia esgoto (gastamos quase uma caixa de incensos), as recepcionistas nada simpáticas, comida barata, mas não era boa. Entre o labirinto de ruas existem inúmeros templos e construções históricas interessantes, mas que depois de dois ou três você percebe que são todos meio parecidos. Para visitá-los e inclusive para subir a muralha (pela porta norte) é preciso pagar. O melhor para isso é comprar uma entrada conjunta chamada Pingyao Ancient City que vale para todas as principais atrações.

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Em geral comer na China significa comer muito noodles (macarrão chinês), carne de porco e galinha, arroz frito de todas as maneiras, muita fritura, pimenta e agridoce. Alguns pratos são parecidos com o que temos nos restaurantes chineses no Brasil sim, mas outros são totalmente diferentes. Em cada região da China, como no Brasil, existem pratos típicos com suas especificidades. O legal para quem se aventura a experimentar tudo é perguntar qual o prato típico e mandar ver! É interessante conhecer a cultura do Chá, por toda a parte e de todos os tipos e as salas de água quente para que se possa comprar os noodles instantâneos, misturar com água e comer em qualquer hora e lugar.
Em Pingyao descobrimos o restaurante do Pingyao Tian Yuan Kui Hotel que é um espetáculo e um pouco mais caro que o normal da cidade, mas mesmo assim continua sendo barato.

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Nosso próximo destino: Pequim

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