Um relatório da polícia italiana relacionado à investigação sobre suposta agressão a Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e a seu filho pelo empresário brasileiro Roberto Mantovani em aeroporto de Roma, pode favorecer a defesa dos acusados de eventos ocorridos em 14 de julho. Segundo o documento obtido pela revista Veja, o magistrado e Alexandre Barci de Moares, que estavam prestes a voltar ao Brasil, apenas se envolveram em bate-boca, sem agressões físicas.
Alexandre de Moraes relatou à polícia que insultado pelos brasileiros, sendo chamado de “bandido, comunista e comprado”. Na confusão, seu filho teria recebido um “tapa” nos óculos. O informe da Polícia de Fronteira Aérea do terminal de Fiumicino, contudo, descreve um contato físico que causou só impacto leve nos óculos de Alexandre Barci de Moraes. Baseado em sete fotos captadas pelas câmeras de segurança, as autoridades italianas relatam que, às 18h39, houve apenas “contato físico notável” entre Mantovani e o filho do ministro.
Na ocasião, afirmam os policiais, Alexandre Barci de Moraes estendeu o braço esquerdo, provavelmente em resposta aos insultos verbais que havia recebido, passando perto da nuca de Mantovani, que, ao mesmo tempo, fez ação semelhante com o braço direito, tocando nos óculos do filho do juiz. A conclusão da polícia após analisar imagens da discussão também descreve a abordagem de Andrea, esposa de Mantovani, e de seu marido em direção ao filho do ministro.
Uma cena mostra o empresário apontando o dedo indicador a Alexandre Barci de Moraes e um passageiro tentando acalmar os ânimos. Outra mostra o ministro e seu filho do lado de fora da sala VIP, onde estavam os envolvidos, aparentemente tirando fotos uns dos outros como prova do incidente. O documento da polícia sustenta a versão dos acusados, que sempre negaram ter agredido fisicamente o filho de Alexandre de Moraes. O advogado Ralph Tórtima, que defende Mantovani, afirma que o episódio não tem motivações políticas nem ameaças ao ministro ou ao STF.
Diante da divergência das conclusões das perícias feitas por agentes policiais do Brasil e da Itália, os advogados dos acusados encaminharam neste sábado (28) ao delegado da Polícia Federal (PF), Hiroshi de Araújo Sakaki, pedido para que considere a análise que contradiz a da PF, segundo a qual há a impressão de que Mantovani agrediu o filho de Moraes, a ponto de derrubar os óculos dele. Para isso, eles requerem que todas imagens recebidas em cooperação internacional sejam remetidas ao Instituto Nacional de Criminalística, “com vistas a que sejam devidamente periciadas por quem de Direito”.
Na última segunda-feira (24), o ministro Dias Toffoli, do STF, negou à defesa dos três brasileiros acusados de hostilizar Alexandre de Moraes a cópia das filmagens do aeroporto em Roma, mantendo o material recebido de autoridades italianas sob sigilo. A decisão foi questionada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e por diversos juristas, vista como cerceamento de defesa.
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