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Texto será "equilíbrio de descontentamentos", diz negociador

O coordenador brasileiro das negociações da conferência Rio+20, Luiz Alberto Figueiredo Machado, advertiu os demais negociadores que o documento final deve refletir um "equilíbrio de descontentamentos".

A frase, que mostra as dificuldades da negociação e confirma as baixas expectativas em torno do documento, foi dita no domingo à tarde (17), durante negociações dos capítulos 1 e 2 do texto, que falam em termos gerais do "futuro que queremos" e reafirmam os "princípios do Rio", aprovados há 20 anos, durante a Eco-92.

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No comando das negociações do texto da Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20, a delegação do Brasil quer finalizar o documento até o final da noite desta segunda-feira (18). Mas a União Europeia pressiona para concluir apenas na terça-feira. A estimativa dos negociadores é finalizar o texto nesta madrugada. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, prepara-se para anunciar o fim dos trabalhos.

A tendência, segundo os negociadores, é fechar um documento, no qual seja fortalecido o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) sinalizando para que futuramente seja criado um órgão independente, detalhando a proteção das águas oceânicas e uma espécie de bloco destinado aos financiamentos, mas sem cifras precisas.

O texto, segundo os negociadores, deverá encerrar até 2013 os debates sobre a possibilidade de criar um fundo específico para o desenvolvimento sustentável. Inicialmente, o Brasil e vários países em desenvolvimento defendiam a criação do fundo, começando com US$ 30 bilhões e podendo chegar a US$ 100 bilhões, em 2018. Porém, os países ricos vetaram a proposta alegando dificuldades econômicas internas.

O secretário executivo da delegação do Brasil, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse hoje estar otimista e, que apesar de ainda haver divergências, é possível chegar ao consenso e obter um texto final avançado. Ele comparou as negociações com uma partida de jogo de futebol:

"O tempo regulamentar terminou com o fim do comitê preparatório [16]. Estamos na prorrogação, que nunca tem o tempo mais longo que o tempo permitido. Temos de fechar o texto antes da chegada dos chefes de Estado [e governo]", disse o embaixador, referindo-se às reuniões de cúpula, que vão de 20 a 22 de junho.

O diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável, Assuntos Econômicos e Sociais da Rio+20, Nikhil Seth, apelou hoje para que todos representantes dos 193 países presentes na conferência cooperem com as negociações em busca de um consenso e do fim das controvérsias. Segundo ele, o Brasil conduz "muito bem" as negociações.

"Os [negociadores] brasileiros levaram a uma dinâmica muito boa, ainda há ajustes pequenos que poderão ser feitos, mas estou muito otimista. O texto foi muito bem-recebido por todos. Apelo para todas as delegações para que se unam e se esforcem [por um acordo final]", disse Seth.

Até o final desta noite, quatro grandes grupos ainda discutem os temas considerados polêmicos. Há debates sobre as fontes de financiamentos para a implementação das metas fixadas, as definições referentes à regulamentação das águas oceânicas, o fortalecimento do Pnuma e o detalhamento relativo à economia verde.

Em relação ao Pnuma, Figueiredo Machado disse que foram feitas duas alterações, incluindo o fortalecimento do programa e a possibilidade de ele ser ampliado e se tornar, no futuro, um organismo autônomo. A delegação brasileira defendia a criação imediata de um órgão independente incorporando o Pnuma, nos moldes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ao mencionar o item meios de implementação, que se referem aos mecanismos de financiamentos, o texto deverá fazer citações diretas sobre fontes múltiplas (privadas, públicas e organismos internacionais). Mas, ao que tudo indica, segundo os negociadores, não haverá menções diretas sobre cifras específicas.

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