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Em assembleia, professores decidem, por unanimidade, entrar em greve a partir de segunda-feira | Mariana Rudek/Gazeta do Povo
Em assembleia, professores decidem, por unanimidade, entrar em greve a partir de segunda-feira| Foto: Mariana Rudek/Gazeta do Povo

Entenda o que motivou a crise da educação:

• Professores temporários:A rede estadual tem cerca de 50 mil professores efetivos. O número é insuficiente para a demanda do Paraná. Por isso, o governo recorre aos professores temporários, contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS). A contratação desses docentes só foi autorizada nesta semana. Até ontem, eles não haviam chegado às escolas. O governo determinou que 10 mil PSSs fossem contratados. O sindicato diz que seriam necessários pelo menos 15 mil.

• Funcionários:O governo determinou um corte nos funcionários das escolas, contratados via PSS. Eles fazem serviços gerais ou administrativos, nos colégios. Segundo o sindicato, o número de trabalhadores caiu de 27 mil para 17 mil. A Secretaria de Estado da Educação disse que faria uma redistribuição de funcionários entre as escolas, para minimizar impactos.

• Fundo rotativo:Os colégios estaduais não receberam pelo menos duas parcelas do fundo rotativo – dinheiro destinado a manutenção das escolas e compra de materiais – referentes ao exercício de 2014. A Seed disse que, por causa do encerramento do ano, o dinheiro não poderá ser pago. Diretores alegam que o calote inviabiliza o funcionamento das escolas. O sindicato estima que a dívida gire em torno de R$ 13 milhões.

• Atrasados:O governo deve aos professores estaduais o terço de férias do ano passado. Os PSSs, além disso, ainda não receberam a rescisão contratual. A Seed garante que vai pagar, ainda em fevereiro, a rescisão dos professores temporários. O terço de férias da categoria será quitado em março e abril.

• Aposentadoria:Um "pacotaço" recém-anunciado pelo governo tornou mais difícil a retirada de licenças (que passam a ser aprovadas pelo secretário ou diretor-geral da pasta) e promoveu cortes no auxílio transporte da categoria. Além disso, a medida acaba com os quinquênios e amplia a contribuição para aposentadoria.

Professores e funcionários da rede estadual de ensino do Paraná aprovaram por unanimidade, na manhã deste sábado (7), a deflagração de uma greve por tempo indeterminado. Com isso, os docentes não irão às salas já na próxima segunda-feira (9), quando começaria o ano letivo. Mais de 2,1 mil escolas ficarão sem aulas, afetando os 950 mil alunos matriculados na rede.

SLIDESHOW: Veja imagens da assembleia

"A paralisação foi definida por conta do caos que se instalou com os cortes promovidos pelo governo do estado e com a proposta de suprimir direitos dos professores, conquistados historicamente", disse Luiz Fernando Rodrigues, diretor de comunicação da APP-Sindicato, que representa a categoria. A assembleia foi realizada em Guarapuava, com a participação de cerca de cinco mil servidores da educação.

A confirmação da greve consolida uma crise na educação estadual, que estava em ebulição nas duas últimas semanas, por conta de medidas de contingência determinadas pelo governo do estado. Entre elas, estão o corte de funcionários das escolas (dez mil servidores foram demitidos, segundo o sindicato); o calote em parcelas do fundo rotativo (dinheiro destinado à manutenção das escolas e compra de materiais) do ano passado; e atraso no pagamento do terço de férias dos docentes e da rescisão dos 29 mil professores temporários que trabalharam na rede no ano passado.

A gota d'água, no entanto, foi o "pacotaço" enviado pelo governador Beto Richa (PSDB) à Assembleia Legislativa na última quarta-feira. A proposta prevê a extinção dos quinquênios e torna mais difícil a retirada de licenças (que passam a ser aprovadas diretamente pelo secretário de Educação). A medida também promoveu cortes no vale-transporte e muda as regras para a previdência dos servidores.

Acampamento

Para tentar impedir a aprovação do "pacotaço", os professores devem levantar um acampamento em frente à Assembleia Legislativa, nesta semana. Outras manifestações devem ocorrer, paralelamente, em todo o estado. A intenção da categoria é detalhar à população o impacto que os cortes causam à educação do Paraná.

"A categoria, em peso, vai tentar impedir que essas propostas absurdas sejam votadas na Assembleia. O 'pacotaço' tenta acabar com direitos que os professores levaram mais de 60 anos para conquistar", destacou. Alguns professores devem ir às escolas, mas apenas para explicar a pais de alunos os motivos pelos quais a greve foi deflagrada pela categoria.

Governo do Paraná

Em nota, a Secretaria da Educação lamentou a decisão pela greve dos professores e lembrou que, nos últimos quatro anos, a categoria recebeu 60% de reajuste salarial e a ampliação de 75% na hora-atividade, dois avanços históricos em vencimentos e benefícios.

Ainda segundo o governo, em 2014, os investimentos do Paraná no setor superaram em R$ 1,8 bilhão o mínimo constitucional e o Estado aplicou na área 35% do orçamento.

Em entrevista coletiva realizada na sexta-feira (6), o secretário de Estado da Educação, Fernando Xavier Ferreira, demonstrava esperança de que os professores não optassem pela paralisação. Apesar disso, ele havia dito que não haveria um "plano b" em caso de greve. "A secretaria vive do trabalho dos professores. Se eles tomarem a decisão de greve, não poderemos tomar uma medida emergencial", disse.

Confira imagens da assembleia: Greve

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