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Olho vivo

Explique-se 1: O deputado Kielse Crisóstomo – ex-PMDB e desde ontem filiado ao PEN – terá de explicar e provar que as concessionárias de rodovias do Paraná e o diretor regional da ABCR, João Chiminazzo Neto, são quadrilheiros, falsificadores de documentos e pagantes de propinas a deputados. Ele fez as afirmações em entrevista à rádio PRB-2, na semana passada. O advogado Renato Andrade foi imediatamente contratado para cuidar do caso.

Explique-se 2: Ontem Andrade protocolou no Tribunal de Justiça um "pedido de explicações" para que, no prazo de cinco dias, o deputado apresente as provas que diz possuir. Se não o fizer satisfatoriamente, será processado pelos crimes de calúnia e difamação. O entendimento é de que, como a entrevista se deu fora de suas funções de deputado, ele não está amparado pela prerrogativa da imunidade parlamentar. O que pode levá-lo a ser julgado em juízo de primeiro grau se o TJ assim entender.

Explique-se 3: Faz algum tempo que Kielse virou deputado monotemático: só fala em pedágio. Quis criar uma CPI e não contou com o apoio nem de sua bancada. Como percebeu que estava falando sozinho, decidiu sair o partido e acusar colegas da Assembleia de receber dinheiro das concessionárias para não apoiar sua iniciativa. O presidente da Casa, deputado Valdir Rossoni, ameaçou levá-lo à Comissão de Ética.

Prestigiados 1: Reportagem da revista Veja desta semana informa que a presidente Dilma Rousseff já pensa na própria reeleição, em 2014. E que designou cinco dos ministros em que mais deposita confiança para esmerilhar o caminho já a partir das eleições municipais deste ano.

Prestigiados 2: Dos cinco ministros, dois são os paranaenses Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações) – autores já desde o ano passado da estratégia de levar o PT curitibano a apoiar o ex-tucano e agora pedetista Gustavo Fruet como candidato a prefeito. Um outro dos cinco ministros – Fernando Pimentel (Desenvolvimento) – tem para defendê-lo em processo no STF o advogado Cláudio Fruet, irmão de Gustavo, sócio de movimentada banca de Brasília.

Desde domingo, quando esta coluna publicou a notícia, todo mundo falou a respeito do chefe do trânsito de Curitiba que já teve registrados em sua carteira de habilitação mais de 180 pontos.

O advogado Marcelo Araújo, titular desde janeiro da então recém-criada Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), agiu até agora como único juiz de seu próprio destino: entregou a carteira ao Detran, se inscreveu para fazer o curso de reciclagem (no qual espera ser aprovado) e comunicou o povo e o prefeito de que ficará uma semana afastado do cargo. Deduz-se que o prefeito achou satisfatória a solução encontrada por seu funcionário e que pretende mantê-lo sob sua confiança.

Na "nota de esclarecimento" que divulgou para "restabelecer a verdade dos fatos", Araújo diz ser incorreta a informação aqui publicada de que sua carteira "estaria somando 180 pontos". Acrescenta: "Isso jamais aconteceu! Minha carteira está com 22 pontos, num total de cinco multas, todas do ano de 2008".

A verdade é que a coluna, valendo-se do prontuário arquivado no Detran, informou que Araújo recebeu nove notificações desde 2003 – cada uma das quais relativa a um lote de 20 ou mais pontos. Portanto, um mínimo de 180 pontos. No entanto, ele sempre manteve seu direito de dirigir e nunca precisou fazer o curso de reciclagem a que são submetidos quaisquer motoristas que pontuarem acima do limite legal.

Sua carteira, de fato, mantinha-se sempre "limpa", pois Araújo invariavelmente conseguia convencer os órgãos julgadores (Jari's e Cetran, dos quais, aliás, é membro) de que eram ilegais os registros que pesavam contra ele e ganhava anistia. Todas as nove notificações foram arquivadas administrativamente.

A nota de esclarecimento traz, contudo, a revelação de um fato até então despercebido: há um décimo lote de infrações ainda pendente, relativas apenas ao ano de 2008, somando 22 pontos. Esses 22 pontos não estavam contabilizados na primeira fornada. Portanto, ao invés de 180, são, no mínimo, 202 os pontos somados em oito anos. Seria ele um infrator contumaz?

Araújo desistiu de recorrer desse último lote. Para "dar exemplo", diz ele, preferiu entregar a carteira e se submeter à reciclagem. Com o quê, além de recuperar o direito de voltar a dirigir, espera também manter o cargo de chefe do trânsito e dar ao prefeito a certeza de que ele nomeou o homem certo para o lugar certo.

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