| Foto: Felipe Rosa/TRIBUNA DO PARANA

Em Nova Mutum, os produtores rurais se dividem em duas faces na hora de falar sobre a agricultura local. De um lado está o otimismo com relação ao clima até agora, com lavouras de soja praticamente todas plantadas e em bom desenvolvimento. Do outro o risco está a lamentação com margens apertadas e o risco constante de perdas para o clima e por oscilações de mercado. Os dois temas dominaram as conversas na passagem da Expedição Safra pelo município, nesta terça-feira (7).

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Jaime Gabrielli, produtor rural, arrenda uma área de 8,5 mil hectares, nos quais planta soja. Ele diz que nos últimos 10 anos, o crescimento do negócio dele está estagnado e que hoje quem é dono de terras ganha mais arrendando as áreas do que produzindo grãos. “A cada ano que passa, sabemos de mais histórias de produtores abandonando a atividade. O problema é que as pessoas têm uma imagem de que no Mato Grosso tudo funciona, que aqui é a nova Califórnia, mas não é assim, temos muito problemas a resolver”, reclama.

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Marcos Aurélio Ioris, que cultiva uma área de 2,1 mil hectares na região, também vive uma situação de estagnação e diz que só consegue se manter na atividade porque já tem o patrimônio necessário para sobreviver. “É complicado com todas essas questões de clima, mercado, custo de mais de R$ 2,5 mil por hectare e por aí vai. Hoje, se um investidor chegar e for fazer as contas para começar a plantar soja e ver como funciona, ele desiste na hora, vai correndo fazer outra coisa. Conseguimos nos manter porque sempre mantemos o pé no chão para diminuir os riscos”, enfatiza.

Empresas diversificadas

Luiz Divino da Silva, gerente do Grupo Mutum (uma das organizações que primeiro desbravou a região), relata que neste ano a produção de grãos está com expectativa de produtividade próxima das 55 sacas por hectare, perto da média da região. A empresa cultiva 10,6 mil hectares de soja e aposta ainda em outros setores como a criação de frangos e negócios imobiliários. No caso dele, o lado do otimismo predomina, principalmente porque, como nas outras regiões do Mato Grosso, foi possível adiantar o plantio em mais de 10 dias, o que beneficia a safrinha. “Nós apostamos metade da nossa área em algodão e com o plantio precoce nesse ano vamos conseguir ter um algodão quase tipo safra”, diz.

Cooperativa do PR espera bons resultados

O engenheiro agrônomo Arthur Cesar Fardim, da cooperativa paranaense C.Vale – que atua há 30 anos na região de Nova Mutum – diz que até o momento o desenvolvimento da safra de soja não teve nenhum problema significativo, mas isso pode mudar. “O que preocupa mais é que este ano pode ser chuvoso, o que propicia mais doenças, e se chover na hora da colheita isso também pode ser problemático.

Fardim relata que houve um período de 18 dias de estiagem para quem plantou a soja bem no início, mas isso pode ser até positivo para a cultura. “Tivemos um pouco de falta de chuva na fase vegetativa inicial, mas isso fez com que a soja tenha ido buscar água por meio do enraizamento maior. Então a planta que passa por tempo de pouca chuva, tem mais capacidade de, se mais para frente faltar chuva, passar por período de estiagem”, explica.