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De origem caribenha, o senepol promete trazer maior rentabilidade ao pecuarista. | Nova Vida/Divulgação
De origem caribenha, o senepol promete trazer maior rentabilidade ao pecuarista.| Foto: Nova Vida/Divulgação

A alta resistência ao calor e a precocidade dos bezerros chamaram a atenção do pecuarista paranaense Antônio Dombski, 63 anos, de Godoy Moreira, região Cento-Oeste do estado. Ele é o primeiro criador do Paraná a aderir ao sistema que ainda é novidade no país: uma franquia de touros da raça senepol. De origem caribenha, o senepol é considerado um touro premium e capaz de trazer maior rentabilidade ao produtor.

Dombski, que trabalha também com o ramo de transporte em Guarulhos (SP), começou a criar gado há 8 anos e há 5 anos mexe com inseminação de gado bovino. Começou com a raça red angus e depois passou, por iniciativa própria, para o senepol. “Achei interessante pela rusticidade e precocidade do animal. Mas como sou um pequeno pecuarista eu não teria condições de fazer a tecnologia necessária para a criação desses bezerros”, conta. Por causa disso, resolveu apostar na franquia como uma forma de adquirir o know-how e a assistência técnica para garantir melhores resultados.

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“Eles tinham a tecnologia e eu tinha a estrutura necessária. Eles cederam a genética e fizemos uma transferência de embriões e o resultado foi 100% de machos. A franquia ficou com 40% e eu com 60% desses dois lotes de touros. O primeiro é para nascer agora em outubro. Foram cobertas 97 matrizes, dando uma média 33% de prenhez”, revela. Todas as vacas cobertas eram nelore e de terceira cria. Em comparação ao angus, outra raça considerada “premium”, Dombski explica que o senepol se adapta melhor, pois aguenta mais o calor da região.

A franquia nasceu de uma sociedade entre o empresário José Carlos Semenzato, da holding de franquias SMZTO – que criou marcas diversas como Microlins, Espaçolaser, Instituto Embelleze, entre outras – com a Senepol Nova Vida, que introduziu a raça senepol no Brasil e tem vasta expertise na genética desse tipo de gado. A ideia da chamada “Fábrica de Touros Senepol” é levar para pequenos e médios pecuaristas uma oportunidade de se transformarem em “fabricantes de touros” premium. Posteriormente, esses animais serão vendidos pelos franqueados para grandes pecuaristas, para fazerem cobertura a campo da vacada.

“Esses touros serão vendidos para cobrir a vacada nelore, por exemplo, o que vai resultar em um produto de excelente qualidade, que vai antecipar em no mínimo 6 meses o abate. E esse animal vai ganhar em peso melhor também, o que dá um ganho excepcional para o pecuarista”, explica Semenzato. Além disso, ele garante que o senepol é uma raça com boa adaptação aos trópicos, pois sua pelagem é curta. A carne, macia mesmo com a baixa porcentagem de gordura, seria outra característica da raça.

Capacidade de cobertura

De acordo com o pecuarista Antônio Dombski, em 60 dias o bezerro senepol chega em uma média de 260 a 307 kg em média. Já o nelore rende no máximo 240 kg no mesmo período. Divulgação

A vantagem para o produtor de senepol, segundo Semenzato, é que um touro de 18 meses pode ser vendido por até R$ 10 mil, enquanto que para um berrezo o valor chega a R$ 1,3 mil. A senepol também maior capacidade de cobertura no campo, chegando a 35 vacas para cada touro, além de permanecer ativo por até dez anos. O índice de prenhez da vacada com touro Senepol é superior a 90%, segundo o empresário. O lucro na operação com esses touros, descontando os custos de produção e outros gastos, pode chegar a R$ 300 mil ao ano, tomando como base um rebanho de 100 touros, de acordo com Semenzato.

“Em 60 dias o bezerro senepol chega em uma média de 260 a 307 kg em média. Já o nelore rende no máximo 240 kg no mesmo período. São duas arrobas a menos”, compara Dombski. Além disso, diz o produtor, o custo de produção é o mesmo para ambas as raças, incluindo a mão de obra. E o preço do gado também é atrativo. Na região de Godoy Moreira, um touro nelore sai por R$ 1.150,00, enquanto o senepol não puro é vendido a R$ 1,6 mil em média. Atualmente, o pecuarista possui 115 bezerros meio-sangue, sendo 85 senepol, além de 152 vacas – 148 em condições de receber cobertura.

“Nas minhas contas, se eu conseguir produzir 80 bezerros vou ficar com 48. Desses, se eu vender 40 a franquia me pagará R$ 3,5 mil cada bezerro. Isso dá no mínimo R$ 140 mil. Para eu fazer esse dinheiro com outra raça teria que ter no mínimo uns 90 bezerros”, explica Dombski.

Meta para 5 anos

Atualmente existem apenas 10 franqueados em operação no Brasil e outros 10 que estão em processo de assinatura de contrato. A meta da SMZTO é chegar até o fim do ano com 25 fazendas franqueadas. A média de produção de touros senepol hoje é de 500 animais próprios e mais 600 de franqueados ao ano. O objetivo para daqui 5 anos é “fabricar” 15 mil touros anualmente, entre produção própria e de franqueados.

Ao franqueado cabe oferecer o espaço na fazenda com pastagem e de 50 a 100 vacas receptoras, que podem ser de qualquer raça, como nelore ou angus. A franquia então fornece o embrião (a fertilização é in vitro) e na hora da desmama ou da venda do touro, com 18 meses, a empresa recebe o valor dos royalties. “Ou o produtor paga o valor de 5% sobre o valor final da venda dos touros produzidos ou ele não paga royalties e a gente faz uma divisão na venda do touro, com 40% do valor da venda indo para a franquia”, explica Semenzato.

De acordo com João Arantes, sócio da Senepol Nova Vida e consultor do projeto “Fábrica de Touros”, o senepol é um animal com alta demanda hoje no Brasil, pois tem capacidade maior de cobrir a vacada por monta natural, o que permite aumentar a produtividade da fazenda. Se até o final do ano a franquia confirmar um total de 20 produtores, será capaz de produzir 1 mil touros no ano. “O nosso projeto está alinhado com uma pecuária mais eficiente, preocupada com a qualidade de carne e desempenho, pois a senepol é uma raça que atende a esses critérios”, explica.

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