Uma das maneiras de evitar problemas é comprar peixes em feiras.| Foto: Daniel Derevecki/Agência de Notícias Gazeta do Povo

25 mil

Este foi o número de amostras analisadas no levantamento sistematizado pela Oceana. Rotulagem indevida, falsificação de origem e a adição de água e produtos químicos nos peixes foram os problemas encontrados.

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As fraudes no processamento de pescados têm feito muita gente comer “gato por lebre”. Uma pesquisa internacional que compilou mais de 200 trabalhos científicos, artigos, documentos de governos e ONGs aponta que a cada cinco amostras de pescados no mundo, uma está adulterada. O levantamento, que analisou mais de 25 mil amostras, em 55 países, é da Oceana, organização internacional focada na preservação dos oceanos.

Entre as principais falhas encontradas no estudo estão a rotulagem indevida, falsificação de origem e a adição de água e produtos químicos. As práticas, de acordo com o relatório, causam prejuízos aos consumidores e aos pescadores e comerciantes que respeitam a legislação. Há ainda problemas de saúde, como possíveis alergias – especialmente em grávidas e crianças. E, claro, o impacto sobre a sustentabilidade ambiental, pois espécies ameaçadas de extinção são comercializadas com outros nomes.

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Velhos conhecidos em pratos sofisticados nem sempre são o que parecem. No mundo, as espécies mais usadas nas fraudes são a “panga” (bagre asiático) e o escolar (oil fish). A panga é vendida como 18 outras espécies mais valiosas como bacalhau, garoupa e linguado. No Brasil, peixes classificados como “cação” podem corresponder a mais de 200 espécies de tubarão, dentre as quais 30% estão ameaçadas de extinção.

Mônica Brick Peres, diretora geral da Ocena no Brasil, avalia que o estudo aponta a fraude como uma prática comum em todo o mundo. Segundo ela, uma das razões que levam a esse quadro é a falta de regulamentação. “Uma das conclusões do estudo é que onde há uma legislação restritiva e bem-feita, o problema diminui bastante. No Brasil a gente precisa de uma normatização com uma rotulagem de nome da espécie e de origem”, sugere.

Como se prevenir

Para o auditor fiscal federal agropecuário Daniel Gouveia, sinais clássicos de fraude são a presença de furos na carne, excesso de água na embalagem e se o filé começa a se desmanchar na hora de preparar. Outro aspecto essencial é o valor, já que pescados de origem legal geralmente têm preço mais alto. “A principal dica, onde se está próximo ao mercado produtor, é tentar adquirir peixes direto do pescador, voltar à cultura das feiras e parar a cultura do supermercado”, recomenda.