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Mesmo acelerando sinto que não chego nem à metade do que o F-1 pode oferecer | Gregory Lenormand
Mesmo acelerando sinto que não chego nem à metade do que o F-1 pode oferecer| Foto: Gregory Lenormand

Ficha Técnica

Benetton B201 (2001)

• Origem: Inglaterra

• Motor: Renault, central, a gasolina, V10, aspirado, 2.998 cm³, 550 cv (a 12.000 rpm, limitadas eletronicamente).

• Transmissão: seis marchas, semi-automática, sequencial.

• Suspensão: braços triangulares sobrepostos, de fibra de carbono, na frente e atrás.

• Peso: 580 quilos (sem o piloto)

• Desempenho: 0-100 km/h em 2,9 s; 0-200 km/h em, 6 s; vel. máxima: 280 km/h(Paul Ricard)

• Consumo: 2 km/l

• Preço: R$ 850 mil (valor médio de um F-1 usado, do início dos anos 2.000)

Encaramos um Fórmula-1

Com a sensação de estar sentado no chão e com as pernas totalmente esticadas à frente, o corpo recebe mais pancadas do que sparring de boxe ao acelerar a fera com um V10 de 750 cv

Leia matéria completa

  • Antes de pilotar o F-1, é preciso ir se adaptando à pista e ao volante de um F-Renault com motor 2.0 de 185 cv
  • A máquina que foi acelerada é um Benetton de 2001, com bico de Renault 2005 e a pintura dos atuais Lotus

Pilotei um F-1. Não, é melhor dizer guiei um F-1. Mesmo assim, é muito difícil, quase impossível descrever a sensação de estar no cockpit de uma fera impulsionada por um tremendo V10 de 700 cavalos e com um barulho ensurdecedor. Tendo pela frente nada menos do que o circuito de Paul Ricard, em Le Castellet, no sul da França, onde Nelson Piquet, Nigel Mansell e Alain Prost brilharam na década de 1980. Este desafio de dirigir um F-1 faz parte do iRace, um programa rigoroso de pilotagem que surgiu com a Renault e hoje é comandada pela Lotus. A participação é exclusiva a convidados dos patrocinadores da escuderia e custa 6,5 mil euros (cerca de R$ 19 mil). O iRace propicia para o convidado um autêntico dia de piloto com treinamentos, simulações, jogos, exercícios físicos, fisioterapia e baterias na pista com um Fórmula Renault até finalmente chegar ao F-1.

A emoção de participar dessa experiên­cia começou para mim, cerca de 50 dias antes da data prevista, quando recebi o convite e preenchi os questionários com informações médicas e medidas. Formado por dez jornalistas brasileiros, além do diretor de comunicação da Renault do Brasil, Carlos Henrique Ferreira, o grupo ao se apresentar no circuito Paul Ricard foi recepcionado pelo campeão mundial da Fórmula 1 em 1972, Emerson Fittipaldi. No dia anterior, naquela mesma pista, ele havia pilotado um Lotus 2010 da escuderia para compará-la ao antigo Lotus 72D que lhe deu o título.

Já devidamente trajado como piloto, com o macacão anti-inflamável, participo do primeiro briefing com o instrutor Scott Mansell (ex-corredor de Fórmula Indy). Ele enfatiza que o maior desafio do dia será realmente tentar pilotar um F-1, mas, para tanto, haverá apenas uma única chance. "Quem não conseguir arrancar ou rodar na pista está fora, adeus", disse. Estas palavras serviram para aumentar ainda mais a adrenalina do grupo, que, a bordo de uma van, foi conhecer as curvas e retas dos 3.853 metros do circuito. As instruções seguintes, como postura, comandos no volante, posicionamento dos pedais e procedimentos para a partida, foram dadas usando o simulador de um cockpit.

Como o F-1 não tem motor de arranque, um gerador auxiliar é usado para acionar o propulsor, e recebo a orientação de que devo partir com a segunda marcha engatada, caso contrário a brutal força certamente faria o carro morrer e adeus ao desafio. Minha ansiedade aumentou ainda mais quando, no intervalo dos treinamentos, observei o comportamento de outros convidados que já estavam com o F-1 na pista. Os motores apagavam antes mesmo da largada e os que conseguiam partir rodavam logo na primeira curva e retornavam para os boxes em uma van. O ambiente não era nada animador.

Na pista

Depois de enfrentar várias atividades dentro da programação do iRace, a primeira experiência na pista é com um monoposto da Fórmula Renault. Com motor 2.0 16V aspirado de 185 cv a 8 mil rpm, com câmbio acionado por aletas no volante, o carro é um foguetinho. Vai aos 100 kmh em 3,6 segundos e atinge os 200 km/h nas retas. Já havia completado as duas primeiras voltas da bateria e estava melhor ambientado no carro quando começou a cair uma garoa fina e a bateria foi suspensa por segurança. Com pneus próprios para a chuva, a bateria teve continuidade e no encerramento fomos para a sala de telemetria, onde foram dadas as instruções finais para o grande momento com o F-1.

O carro

Um V10 furioso

Os carros utilizados no iRace que estão pintados com as cores atuais da Lotus E21, na realidade, são os B201 da Benetton de 2001(virou Renault em 2002) com o bico dos Renault R25 de 2005. Por segurança, o motor 3.0 V10 Renault fora amansado. Ele fornece 550 cv graças ao corte de giros contido em 12.000 rpm (antes era 15.000 rpm). O ajuste aerodinâmico do carro é o mesmo usado em Mônaco, ou seja, bastante asa e downforce para ajudar a deixá-lo grudado no asfalto. São 550 cv para levar 655 quilos – soma dos pesos do Benetton e do piloto, o que dá uma fantástica relação peso-potência de 1,2 kg/cv. Com ele, em apenas seis segundos se alcança os 200 km/h.

O jornalista viajou a convite da Renault

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