Um homem e três mulheres de uma mesma família foram assassinados na comunidade quilombola Casinhas, a 385 quilômetros de Salvador neste domingo (12). A Polícia Civil afirma que uma possível disputa entre famílias levou à chacina.
Uma quinta vítima, atingida pelos tiros, foi socorrida a um hospital local, mas informações sobre o estado de saúde não foram divulgadas.
A comunidade de Casinhas foi certificada como remanescente de quilombo em 2010 pela Fundação Cultural Palmares. Desde então, luta pela titulação das terras. A Bahia é o estado com o maior número absoluto de mortes violentas no país, e enfrenta desafios significativos na segurança pública.
Além dos problemas nas periferias urbanas, a criminalidade se estende para áreas rurais, com agravamento dos conflitos fundiários, resultando em mortes e tensões em territórios conflagrados. Apesar da disparada de crimes nos últimos anos, o estado não foi contemplado com a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) do governo federal – priorizou apenas os portos e aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo e as regiões de fronteira do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Parlamentares da oposição articulam um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para sustar ou modificar o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que instituiu a GLO. Um dos objetivos é incluir a Bahia na operação.
“Não dá pra aceitar a inclusão do estado de São Paulo e a não inclusão do estado da Bahia, bem como também não dá pra aceitar uma GLO restrita a aeroportos e portos. Se há algum lugar onde as forças de segurança precisam de ajuda é nas ruas, nas comunidades, no centro da capital carioca, nas periferias, não nos aeroportos, cujo controle já está a cargo do governo federal”, disse o deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), que preside a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CCSPO) da Câmara dos Deputados.
Uma das principais dúvidas é se houve uma escolha política para realizar a operação, deixando a Bahia de fora por ser governada pelo PT, enquanto que Rio e São Paulo têm governadores da oposição, como Cláudio Castro (PL-RJ) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, no ano passado, a Bahia registrou 99 conflitos agrários em áreas de 275 mil hectares, afetando cerca de 9,5 mil famílias. Ao todo, 27 pessoas foram ameaçadas de morte e três foram assassinadas. Em 2023, já foram registradas mais três mortes violentas de indígenas e quilombolas.
A Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) aponta que, nos últimos dez anos, pelo menos 11 quilombolas foram assassinados na Bahia. Diante desse cenário, o governo da Bahia criou este ano uma coordenação de mediação de conflitos fundiários na Polícia Civil, buscando uma estrutura mais eficiente para atuar em casos envolvendo comunidades tradicionais.
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