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Eleições 2026

Jorginho Mello puxa a fila de governadores em defesa da anistia de Bolsonaro

Governadores defendem anistia de Bolsonaro
Fora do páreo presidencial, governador de SC se posiciona a favor da anistia em propaganda na televisão. (Foto: Eduardo Valente/Governo de Santa Catarina)

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De olho na reeleição no estado mais conservador do país, o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), saiu na frente em defesa da anistia de Jair Bolsonaro (PL). Ele tomou a dianteira do movimento dos governadores de direita, que tem a presença de pré-candidatos ao Palácio do Planalto em 2026 em busca do apoio e do capital eleitoral do ex-presidente.

Após o julgamento da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que tornou Bolsonaro réu pela suposta tentativa de golpe de Estado, os governadores aliados se manifestaram pela manutenção dos direitos políticos do ex-presidente para a disputa do cargo nas eleições do próximo ano. Mello foi mais incisivo em Santa Catarina e usou o espaço do partido na televisão para defender o PL da Anistia que, além de beneficiar Bolsonaro, pode livrar os condenados do 8 de janeiro das penas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes.

“No nosso partido não temos um pé em cada canoa. Temos lado, temos projeto e temos líder. Estamos 100% com o presidente Bolsonaro e com todos aqueles que defendem pauta de direita. Presidente, conte conosco”, afirma o governador catarinense na propaganda.

Após participar da manifestação na praia de Copacabana, no Rio, no mês de março, Mello confirmou presença no ato pela anistia na avenida Paulista, em São Paulo (SP), convocado por Bolsonaro para o próximo domingo (6).

Além do governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) - que desponta como nome mais forte da direita para 2026 - existe a expectativa de que os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), participem da nova manifestação ao lado de Bolsonaro, que está inelegível para as eleições de 2026. O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), declarou defender a anistia enquanto mantém a postura de não participar aos atos com a participação do ex-presidente da República.

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Discurso de Jorginho Mello reforça posição para eleitorado catarinense de direita

Na avaliação do professor de Administração Pública e pesquisador em educação política da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Daniel Pinheiro, o governador Jorginho Mello antecipou o movimento da bancada do Partido Liberal na Câmara dos Deputados pela aprovação do projeto de lei que pode anistiar o ex-presidente Bolsonaro. Nesta semana, os parlamentares do partido passaram a ameaçar a obstrução da pauta, caso o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), não coloque em votação o PL da Anistia.

Na avaliação de Pinheiro, o posicionamento também é uma forma de Mello reforçar a influência sobre o eleitorado conservador catarinense, que será disputado por partidos de centro-direita e de direita nas eleições ao governo do estado. “É um diálogo regional para dizer que, em Santa Catarina, quem fala com Bolsonaro é ele. É um movimento de demarcação [de território] para reeleição em 2026 de modo a evitar que outros candidatos colem no ex-presidente. Na última eleição, todos os candidatos, exceto o Décio Lima que vinha pelo PT, faziam um discurso pró-Bolsonaro”, analisa o professor.

Pinheiro compara o estreitamento da relação entre Mello e Bolsonaro com o posicionamento dos governadores que admitem a possibilidade de concorrer à Presidência em oposição ao governo Lula. Na avaliação dele, os presidenciáveis se afastaram de Bolsonaro em alguns episódios por conta da repercussão nacional. O governador catarinense toma o caminho contrário com aprovação da maioria do eleitorado e tem o diferencial de ser do mesmo partido do ex-presidente.

“O Jorginho Mello construiu esse DNA [de direita conservador] desde quando era senador, trouxe isso para a candidatura como governador e para a administração do estado após ser eleito. De todos os governadores, o que mais manteve essa característica foi ele, por conta do eleitorado de Santa Catarina, que tem um percentual um pouco maior a favor do Bolsonaro, menos diluído que em outros estados”, comenta o pesquisador.

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Presidenciáveis calculam aproximação e aguardam definição eleitoral de Bolsonaro

O cientista político e professor do Insper Leandro Consentino afirma que os governadores presidenciáveis podem ser beneficiados pela presença nos atos pela defesa da anistia do ex-presidente da República, na busca por votos do segmento da direita mais alinhado à figura de Jair Bolsonaro.

“Ao mesmo tempo, os governadores não podem estar tão próximos a ponto de comprometer eventuais apoios que eles venham ter ao centro para a corrida presidencial. A mais de um ano da eleição, eles ainda entendem que vale a pena estar próximo para cativar os apoiadores mais aguerridos do ex-presidente ”, observa Consentino.

Com Bolsonaro inelegível após condenações na Justiça Eleitoral, o cientista político avalia que os governadores que podem ocupar o vácuo deixado pelo ex-presidente aguardam os desdobramentos tanto do julgamento pela suposta tentativa de golpe de Estado no Supremo como da tramitação do PL da Anistia no Congresso Nacional.

“Certamente vão esperar a evolução dos acontecimentos, o julgamento, a repercussão e, sobretudo, o que virá a partir de uma condenação. Se Bolsonaro vai ser encarcerado ou não e se ele vai realmente colocar a sua candidatura independente das consequências, se for condenado”, analisa.

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Governadores criticam atuação do STF e defendem anistia de Bolsonaro

Entre os presidenciáveis do campo da direita, Tarcisio de Freitas foi o único governador que participou do ato pela anistia em Copacabana no mês passado. Às vésperas do julgamento de Bolsonaro no STF, Tarcísio voltou a declarar lealdade ao ex-presidente e lembrou do papel de Bolsonaro na carreira política dele e do apoio para a vitória na eleição no estado de São Paulo.

“Tenho uma gratidão muito grande, vou ser grato e leal sempre, porque é uma pessoa que nesses anos todos eu nunca vi pensar em outra coisa que não o interesse das [outras] pessoas”, disse Freitas durante entrevista ao podcast Inteligência Ltda. O mandatário paulista é o único - entre os presidenciáveis - que tem a opção de disputar a reeleição ao governo estadual em 2026.

Pelas redes sociais, o governador mineiro Romeu Zema foi outro que saiu em defesa de Bolsonaro. Ele chamou o ex-presidente de “maior líder da oposição ao governo do PT” e disse esperar “que a Justiça seja feita e que ele recupere seus direitos políticos”.

Durante a participação no evento Lide em Pernambuco, o governador do Paraná, Ratinho Junior, não comentou as denúncias pela suposta tentativa de golpe, mas criticou a forma de atuação do Supremo. "Acho que, por se tratar de um ex-presidente, o julgamento não poderia ser feito por uma turma, mas pelo plenário", declarou. Nesta sexta-feira (4), Ratinho Junior e Bolsonaro estarão juntos em um almoço em Curitiba (PR) e seguem em viagem para Londrina (PR), para abertura da feira agropecuária ExpoLondrina.

O governador goiano, Ronaldo Caiado, afirmou que as penas impostas pelo STF aos manifestantes do 8 de janeiro são “excessivas” e que o país precisa deixar “essa discussão inócua para trás” para enfrentar a violência e combater a inflação. “Quero dizer que não apenas sou a favor da anistia aos manifestantes de 8 de janeiro como fui o primeiro a defendê-la”.

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