Obra A Caridade, de Poty: linguagem artística no espaço público| Foto: Estevan Reder/Divulgação

Serviço

Murais e Vitrais de Poty – Registro Inquieto do Palco da Vida

Centro Cultural Sistema Fiep (Av. Cândido de Abreu, 200, Centro), (41) 3271-9560. Visitação de quarta-feira a domingo, das 10 horas às 18 horas. Entrada franca. Até 3 de agosto.

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Em tempos remotos, a arte rupestre, composta por representações gráficas, como desenhos e sinais, contava, de um modo simplório, os nossos costumes, medos e desejos. Concebendo a um só palmo o retrato memorial de um cotidiano rude, e a relação pioneira do ser humano com a própria subjetividade, a arte rupestre foi a narrativa de uma tradição futuramente consolidada: a tomada dos muros e paredes como expressão autoral.

Relembrando os narradores ancestrais e um dos maiores símbolos artísticos de Curitiba, o Sesi Paraná abre hoje, a partir das 10 horas, Murais e Vitrais de Poty – Registro Inquieto do Palco da Vida, mostra com a trajetória urbana do curitibano Poty Lazzarotto, um dos maiores muralistas brasileiros, e fundamental retratista da pulsação urbana contemporânea.

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A exposição apresenta uma série de murais e vitrais públicos do artista, também reconhecido por sua atuação como ilustrador e gravurista. "Poty foi um artista muito produtivo, reconhecido, sim, como muralista, mas também precursor da gravura no Paraná. A base de seu desenho é a gravura, uma predileção que ele nunca abandonou. É a partir de 1953, com o seu Monumento ao Centenário da Emancipação do Paraná, que ele passará a desenvolver um trabalho muito sólido com murais públicos", explica o curador Ivens Fontoura.

Filho de italianos, Poty estudou litografia em Paris e deu aulas em escolas de arte em diversas capitais brasileiras. Além da presença em espaços cotidianos – a capital conta com 46 murais assinados pelo artista –, ele também se envolveu com serigrafia e litografia.

"Ele conseguia transitar entre muitas linguagens, como ao se alimentar da obra de um Kafka, e integrar causas especiais, como a relacionada ao seu último mural, feito no Hospital de Clínicas de Curitiba, em 1998, uma homenagem ao milésimo transplante realizado pela instituição", reitera Fontoura.

Além do excursionismo urbano, a exposição exibe algumas das obras literárias ilustradas por Poty de escritores brasileiros como Jorge Amado, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. Contudo, é a parceria com Dalton Trevisan a mais emblemática de sua carreira.

Joaquim

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Além de ter ilustrado inúmeros livros de Trevisan, Poty colaborou de modo consistente com a Joaquim, marco literário paranaense. Lançada em 1946, a revista foi responsável pela projeção do "Vampiro de Curitiba" em âmbito nacional, e proporcionou discussões antológicas com cânones culturais da cidade – Dalton tinha especial predileção em espezinhar Emiliano Perneta, a quem chamava de Poeta Perneta.

"Poty foi um artista de múltiplos canais de comunicação. Do ilustrador convicto e assíduo de Dalton ao muralista intenso, temos aqui um artista capaz de democratizar a cidade e transformar o espaço urbano numa propriedade da comunidade. Por isso, é preciso estar sempre relembrando e nos responsabilizando, enquanto cidadãos, pela manutenção de seu legado", completa o curador.