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Alicia Keys, Christina Aguilera, Sarah Jessica Parker e Paris Hilton. Estas são apenas algumas das célebres clientes internacionais do estilista Carlos Miele, que há quatro anos deixou o Brasil para investir em uma carreira internacional. Mas a distância de sua terra-natal é apenas física. Miele carrega características brasileiríssimas em seu método de criação, investindo no conceito modernista da antropofagia. Um exemplo foi sua mais recente coleção, apresentada em setembro, na Semana de Moda de Nova Iorque. Inspirado em um período harmônico da Península Ibérica, o designer mesclou referências da cultura espanhola, árabe e judia em uma coleção que vem rendendo elogios rasgados por parte da imprensa internacional. Tanto que a revista Tempo, do jornal norte-americano The New York Times o elegeu, na quarta-feira passada, como o designer latino mais influente da atualidade e comparou o talento do brasileiro ao de ícones como Oscar de La Renta e John Galiano.

Por essas e outras, Carlos Miele dará hoje o pontapé inicial da 13.ª edição do Crystal Fashion em frente à loja de sua marca, M. Officer, será homenageado pelo evento por sua contribuição ao mundo da moda. "Acho que a minha contribuição foi ampliar os limites da moda para que houvesse uma visão um pouco mais ampla sobre a beleza da cultura popular brasileira. Sempre procurei mostrar que a moda não ter de ser colonizada, não precisa vir de fora para dentro. Podemos ser nossa própria fonte de inspiração, investir na auto-estima", analisa o designer, em entrevista ao Caderno G, direto de Nova Iorque.

A brasilidade vista nas peças de Miele é, especialmente, demonstrada pela maneira como suas criações realçam a beleza dos corpos femininos, em vestidos extremamente sensuais, porém sofisticados. "A sensualidade vem da minha natureza. Mesmo se um dia eu quiser fazer uma coleção inspirada na cultura oriental, vai ser sensual. É algo bastante brasileiro, muito visceral em mim. Por mais que a cultura oriental negue o corpo, eu vou estar sempre o afirmando, porque sou brasileiro", explica. Uma mostra de seu talento poderá ser conferida ao vivo durante a homenagem. Miele trará na bagagem um dos vestidos apresentados na semana de moda nova-iorquina, feito com mais de 50 metros de tecido. Em uma performance especial, a bailarina Simone Camargo, do Balé Teatro Guaíra, irá dançar sobre um cilindro, vestindo a peça – no desfile norte-americano, a modelo foi a bailarina Paloma Herrera, do American Ballet Theatre.

No mês passado, o reconhecimento internacional do trabalho de Miele consolidou-se ainda mais com sua inclusão no Conselho de Designers de Moda da América (CFDA). Conhecido como um círculo restrito e de processo seletivo rigoroso, ser indicado como membro do conselhoé a prova definitiva de que o talento brasileiro vai muito além das modelos, que estão entre as melhores do mundo. "É como se eu tivesse sido aceito como um designer internacional e não como um brasileiro apresentando coleções fora de seu país. Ter sido indicado mostra nosso reconhecimento como designers internacionais e a consciência de que o Brasil não faz um design de gueto, só linha praia, por exemplo. O que se cria no Brasil é de nível internacional", avalia.

Entre os planos de Miele, está a inauguração de uma loja em Paris, onde pretende investir na arquitetura, da mesma forma que fez com sua maison nova-iorquina, considerada uma referência mundial do gênero. "O que mais me encanta na vida, é que ela não é compartimentada. Não tem tantos rótulos como a gente gosta de inventar. Para mim, as artes visuais fazem parte de uma coisa única. Não consigo imaginar uma dissociação entre arquitetura e moda, por exemplo. Pretendo ousar ainda mais na loja de Paris, fazer algo ainda mais conceitual", revela.

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