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O Cineplex Batel, inaugurado em 2008, tem cinco salas e funciona no Shopping Novo Batel. Programação abre espaço para filmes menos comerciais | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
O Cineplex Batel, inaugurado em 2008, tem cinco salas e funciona no Shopping Novo Batel. Programação abre espaço para filmes menos comerciais| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
  • As Bem-Amadas está na fila: Milos Forman, Catherine Deneuve e Chiara Mastroianni em drama musical familiar

O público frequentador de cinema em Curitiba não tem muito do que reclamar no que diz respeito à quantidade de salas na cidade. A capital paranaense tem hoje um dos maiores circuitos exibidores do país. O problema é que a maior parte delas, instalada em shopping centers, raramente vê sombra do chamado cinema autoral, de títulos alternativos que não tenham como alvo o grande público, pouco interessado naquilo que, infelizmente, desconhece e, portanto, não tem como gostar e exigir ver.

Embora o Espaço Itaú de Cinema, que antes se chamava Unibanco Arteplex e foi reinaugurado no primeiro semestre de 2012, cumpra em parte a missão de oferecer um cardápio mais variado de filmes, as cinco salas do complexo instalado no Shopping Crystal vêm cedendo, pouco a pouco, à pressão do mercado e dando mais espaço a blockbusters, como Os Vingadores, Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge e O Legado Bourne, que estreou na última sexta-feira. E, com duas salas VIP, cujos ingressos chegam a R$ 40 a inteira, o cinema de arte vem sendo deixado de lado. Uma pena.

Cabe então ao Cineplex Batel, uma espécie de Davi que insiste em lutar contra um Golias forte e gigantesco, cumprir um papel superimportante: abrir telas para filmes que, se não fosse o complexo de salas instalado no Shopping Novo Batel, simplesmente não passariam em Curitiba.

Quando o antigo Unibanco Arteplex fechou para reformas em novembro de 2011, com a promessa de reabrir como Espaço Itaú até o fim do ano, não se imaginava que as obras se estenderiam até o fim do primeiro trimestre deste ano. Esses meses de espera, ironicamente, acabaram dando ao Cineplex Batel a oportunidade de expandir o seu público em cerca de 50%, de 8 mil a 9 mil espectadores mensais para 12, 13 mil, segundo estimativas do diretor geral do shopping Luiz Celso Branco.

Como percebeu que havia uma lacuna na programação cinematográfica da cidade, e estava minguando a participação de filmes europeus, latino-americanos, asiáticos, americanos independentes e brasileiros menos comerciais, Branco disse que ele e sua equipe começaram a focar também nos títulos que não passavam de jeito nenhum em qualquer outro cinema. Ele conta que o Cineplex é procurado por várias distribuidoras e, além disso, é feito um levantamento, em sites da área, sobretudo o Filme B, referência no cinema, e jornais do Rio de Janeiro e São Paulo, para saber o que estreou de diferente, e interessante, e está tendo boa recepção. "Buscamos títulos que tenham sido premiados, ou elogiados, em festivais internacionais, como os de Berlim, Cannes e Veneza", conta.

Neste fim de semana, por exemplo, o Cineplex Batel exibe, em pré-estreia, o excelente longa-metragem francês Polissia, da diretora e atriz Maïwenn. O filme, que ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes do ano passado, retrata o dia a dia de uma divisão da polícia em Paris que lida com crimes cometidos contra crianças.

"Fazemos uma lista das produções que gostaríamos de exibir e às vezes temos de esperar dois, três meses para conseguir a cópia", diz Branco, revelando que um desses títulos que "aguardam a vez" para chegar é As Bem-Amadas, do também francês Christophe Honoré, diretor de As Canções de Amor e A Bela Junie. A produção, misto de comédia, drama e musical, acompanha, por décadas, a trajetória emocional de uma mulher e sua filha, vividas, respectivamente, por Catherine Deneuve e Chiara Mastroianni, também mãe e filha na vida real.

Com cinco cinemas, o Cineplex Batel, inaugurado em 2005, pretende reformar, em breve, a sala 1, a maior e mais antiga de todas, que já funcionva antes de as outras serem construídas. Ela deverá ganhar um projetor 3D, mas Branco garante que seguirá apostando nos títulos "sem-tela", não comerciais, para alegria geral de seu público, que ele descreve como "adulto, muitos já na meia-idade, interessado em qualidade e muito influenciado pelo boca a boca". Uma plateia à moda antiga, enfim.

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