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Mario da Silva gosta de tocar em locais inusitados, mostrando o violão a um público não acostumado ao instrumento | Daniel Castellano / Gazeta do Povo
Mario da Silva gosta de tocar em locais inusitados, mostrando o violão a um público não acostumado ao instrumento| Foto: Daniel Castellano / Gazeta do Povo

No dia 7 de março passado, no Teatro Casa do Lago, em Campinas, a Orquestra Sinfônica da Unicamp subiu ao palco para tocar um programa que continha peças do norte-americano Aaron Copland, do francês Claude Debussy, do russo Igor Stravinski e, também, promovia a estreia mundial de uma peça do brasileiro Mario da Silva.

VÍDEO: Veja o violinista e compositor Mario da Silva tocando e falando sobre seu trabalho

A peça que estreava chama-se Inconscientemente Irregular, mas por um erro do programa, constou como Inconsciente Irregular, e marcava a primeira vez que o violonista e compositor Mario da Silva escrevia um trabalho para orquestra, mesmo que em forma reduzida, para dez instrumentistas. A regência foi de Simone Menezes e a coordenação de Denise Garcia.

"Foram seis meses de trabalho de composição", conta o autor que, ao aceitar o convite da orquestra, sentiu, também pela primeira vez, a dificuldade de escrever para outros instrumentos que não o violão. A peça tem nove minutos e a apresentação fez o músico, que estava na plateia, suar. "Fiquei muito mais nervoso do que quando eu vou tocar", confessa. Assim que tiver algum tempo disponível, o autor promete disponibilizar a gravação em vídeo no YouTube.

Mario da Silva é um fluminense-paranaense formado em violão pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, na qual é hoje professor. No final do ano deve completar o doutorado em composição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. No ano passado, lançou seu terceiro álbum solo, Tu Tausan Tu Elve, tocando composições próprias e de André Abujamra, que também foi o produtor do disco.

Tem um projeto aprovado na Lei de Incentivo à Cultura de Curitiba para um quarto disco, em que tocará composições de Arthur Kampela, Sérgio Assad, Jaime Zenamon e Chico Mello, entre outros, para violão solo. Ainda não decidiu se colocará também alguma composição própria no repertório.

O violonista está nesta semana em Curitiba para as aulas na Embap (ele tem feito bastante a ponte aérea Rio-Curitiba entre o doutorado e os compromissos como professor). Além disso, também se apresenta com alguns alunos nestas quinta e sexta-feira, durante a Semana do Meio Ambiente, no Escritório Verde da UTFPR. As apresentações começam às 18 horas e a entrada é franca.

Em julho, ele faz um recital no Centro Cultural da Justiça Federal do Rio de Janeiro, promovido pela Associação de Violão do Rio. Em agosto, fará uma apresentação na Livraria Cultura, de São Conrado. Nas duas, mostrará as músicas do disco Tu Tausan Tu Elve, que foram tocadas pela primeira vez em um concerto não no Brasil, mas no New York Guitar Seminar, nos Estados Unidos, no ano passado.

Da Silva gosta da mistura, tanto no som quanto nas apresentações. Na música, estuda a técnica do "violão expandido", que é o aproveitamento de sons além do vibrar de cordas, podendo ser a batida da mão no corpo do instrumento, o arranhar as cordas com as unhas, explorar a percussão, por exemplo. Nas composições, não respeita limites entre o chamado erudito e o popular. Nas apresentações, gosta de mesclar disciplinas.

Casado com a bailarina e coreógrafa Rocio Infante, faz muitos trabalhos com a dança, com o violão sendo tocado ao vivo junto com o balé. A parceria começou com o espetáculo Abraço de Câmara, que teve apresentações por várias partes do país – em Curitiba, foi com oito violões na Capela Santa Maria, em 2008.

Atualmente, com um conceito parecido, apresenta o espetáculo Coabitar. Cada vez que viaja, Mario da Silva faz questão de convidar violonistas locais para se integrarem à apresentação. E também gosta de tocar em locais inusitados, mostrando o violão a um público que talvez não esteja acostumado ao instrumento.

O violão de Mario da Silva, além de nos proporcionar arte, nos faz refletir sobre a diferença, se é que existe, entre o clássico e o popular, sobre o confinamento da cultura e, também, sobre o silêncio.

O instrumento acústico, pouco ou nada amplificado, dentro de um mundo ruidoso como o atual, é algo para se pensar. "Quando eu comecei a estudar violão, lembro que chegava a incomodar os vizinhos, que tocavam a campainha para pedir silêncio. Imagine isso hoje. As pessoas não iriam nem escutar uma pessoa estudando violão, tal o aumento de volume e de ruído existente em nossas vidas."

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Sobretudo | 12:57

O violonista e compositor Mario da Silva toca e fala sobre sua formação musical, a técnica do violão expandido, sua obra e seus projetos.

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