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De onde vem o sucesso? Quem é que faz com que aconteça? Em tempos de celebridades instantâneas, como é que se mede o êxito de um artista? A música do Paraná faz sucesso?

Fiquei pensando nessas perguntas durante o fim de semana, depois que li a reportagem do repórter Guilherme Voitch, publicada neste Caderno G, sobre as bandas de Curitiba dos anos 90 que estão tendo uma espécie de revival, ressurgindo das cinzas, mesmo que algumas delas nunca tivessem recebido o atestado de óbito assinado e continuem em uma certa atividade. A reportagem mostra que algumas bandas tiveram alguma repercussão fora do estado, mas não conseguiram ultrapassar uma barreira invisível que os levaria ao sucesso. E, refletindo sobre a re­­portagem, lembrei de uma pergunta que volta e meia ronda meus e- mails ou conversas de bar: "Por que as bandas de Curitiba não fazem sucesso?"

Há aqueles que afirmam que as bandas de Curitiba – ou do Paraná – não fazem sucesso simplesmente porque não são boas. Mas eu acredito que ser bom não está ne­­cessariamente ligado a ter ou não sucesso. Há artistas muito bons que nunca tiveram sucesso. Ou, ainda, o que é bom para uma pessoa pode não ser para outra. A unanimidade ou é burra ou não existe. Então, volto aos questionamentos do primeiro parágrafo.

Decidi listar uma dúzia de nomes ligados à música do Paraná. Escolhi-os aleatoriamente, para que pudesse testar o sucesso deles:

Alexandre Nero (ator que brilha na novela global Paraíso, da Rede Globo, mas que também é um bom músico e tem discos lançados).

Arrigo Barnabé: músico de Londrina, que influenciou a música brasileira nos anos 80, com a chamada Vanguarda Paulista.

Beijo AA Força: banda que movimentou o estado nos anos 80 e 90.

Blindagem: a mais antiga banda de rock de Curitiba ainda em plena atividade.

Bonde do Rolê: banda de Curi­tiba que misturou o eletrônico com o funk carioca.

Chitãozinho e Xororó: dupla sertaneja de Astorga, conhecida nacionalmente.

Copacabana Club: banda da novíssima geração da cidade, que vem recebendo destaque na MTV.

Marjorie Estiano: atriz que emplacou em seguidas novelas na Globo e emplacou seu primeiro CD na parada de mais vendidos.

Nevilton: banda de Umuarama, que lança disco este ano.

Relespública: banda de rock que tem lançado bons discos e feito shows por todo o país.

Terminal Guadalupe: banda que ganhou elogios na revista Veja.

Waltel Branco: maestro, violonista, compositor e arranjador que trabalhou, entre outros, com João Gilberto e Roberto Carlos.

Mas como testar? Decidi fazer algo meio óbvio em tempos de internet, joguei o nome deles no Google. Você consegue adivinhar qual teria mais sucesso? La vai a lista:

12.º – Blindagem:15,4 mil citações como "banda Blindagem" (se colocar só Blindagem, entram as empresas especializadas em blindagem e aí o número aumenta para 669.9 mil).

11.º – Terminal Guadalupe: 28,6 mil.

10.º – Beijo AA Força: 30,7 mil.

9.º – Alexandre Nero: 37,2 mil.

8.º – Relespública: 38,6 mil.

7.º – Nevilton: 85,3 mil.

6º – Waltel Blanco: 85,5.

5º – Arrigo Barnabé: 99.7 mil.

4º – Marjorie Estiano: 323 mil.

3º – Chitãozinho e Xororó: 337 mil.

2º – Copacabana Club: 393 mil.

1º – Bonde do Rolê: 464 mil.

Para se ter uma ideia do que é sucesso, é bom lembrar que, se você digitar Beatles no Google, a busca vai resultar em48,8 milhões de citações. Mas se tratam dos Beatles, incomparáveis.

Voltemos ao Brasil e peguemos dois vencedores do Prêmio Mul­tishow da música brasileira, que teve o resultado divulgado na se­­mana passada. Neste prêmio, a escolha dos vencedores é feita pelos internautas. O melhor cantor, Seu Jorge, tem 1,15 milhão de citações. A melhor banda, o Skank, tem 7,2 milhões de menções.

Mas não pensemos que nossos representantes estejam assim tão mal. Um fenômeno recente da internet, a compositora paulista Mallu Magalhães tem 387 mil citações, seis mil a menos que a banda Copacabana Club e quase 80 mil a menos do que o Bonde do Rolê. Então, o Copacabana Clube tem mais sucesso que a Mallu Ma­­galhães? Hum... e recomeçam as indagações.

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