| Foto: Ricardo Humberto/

Nesses tempos de circulação veloz de informações, a gente vai ficando mimado.

CARREGANDO :)

— Saiu o disco novo do Radiohead.

— Quando?

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— Duas horas atrás.

— E é bom?

Vejam esses fãs de Harry Potter que vão ter que esperaaaaaar até o fim de outubro se quiserem ler o livro novo em português. (Ou não… mais sobre isso semana que vem.)

Além de tudo, já que estou falando de tradução, eu, nesses anos em que ando envolvido com tradução literária, tive lá as minhas chances de ler coisas boas bem antes dos leitores brasileiros. Em alguns casos, inclusive, antes dos leitores americanos.

E tem os amigos, né? Eu por acaso já li os dois romances que mais vão fazer barulho no segundo semestre. (#semetidei)

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Por isso tudo é que dói mais, dói tanto quanto o sofrimento dos pobres potterianos à espera da velocidade da tradutora, quando eu, nesses tempos de circulação veloz de informação, tenho que esperar!

O Coetzee, por exemplo. O cara (acredite em mim. Eu, lerdo e leso, demorei a acreditar no que os amigos me diziam) é quase certamente o maior escritor vivo hoje; o mais original e o que achou um jeito mais original de ser o mais original. Ele é discreto, ele é elegante, ele parece algo que você conhece, mas sempre te pega de calça curta.

Uma das sacadas mais geniais é essa de que ele (especialmente depois de “maduro”) está escrevendo, não um romance, mas uma obra toda. Os livros dele conversam entre si: personagens reaparecem, técnicas…

E agora o livro mais recente dele, que se chama ‘The Schooldays of Jesus’ (algo como ‘Jesus em idade escolar’) está concorrendo ao Booker Prize. E parece, pelo título, que é uma continuação do maravilhoso ‘A infância de Jesus’, de 2013. Continuação, Coetzee?

Preciso ler esse negócio!

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Mas só sai em setembro…

E o Adès? Apesar de, aos 45, ser pouco mais de trinta anos mais novo que Coetzee, ele vem conseguindo uma unanimidade parecida com a do colega escritor. Ele parece ser “o” compositor da vez. Aquele de quem as pessoas esperam os rumos.

E ele até hoje meio que tem uma dinâmica de reinventar a sua música (ou “mudar de fase”) a cada ópera que escreve.

A sua ópera mais recente, uma adaptação (vejam só) do filme ‘O Anjo Exterminador’, de Buñuel, acaba de estrear em Salzburgo. Pelo pouco que deu pra ouvir, a música realmente parece “nova”, e parece ter relação com o estilo de “Totentanz”, única obra maior que ele lançou no período de preparação da ópera.

Mas quando que isso vai aparecer na Apple Music?

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Ih… Eu diria que daqui a um ano…

Oh, vida…